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A posição do cavaleiro

Só o cavaleiro que possui uma boa posição consegue um trabalho correcto do cavalo.

Para se poder dizer que se está bem a cavalo, é necessário não estar contraído, estar bem enforquilhado e com as pernas bem descidas e aderentes ao cavalo, sem contudo estarem atarraxadas.

O cavaleiro que não esteja bem metido no arreio, que não esteja descontraído e ligado ao cavalo, não pode ter a independência das ajudas que é condição sine qua non para se ter uma boa mão.

«L’Ideal de l’indépendence des aides c’est de pouvoir rouler une cigarrette das les doigts, pendant qu’on ataque jusqu’au sang» (James Filis – Journal de Dressage).

Só o cavaleiro que possui uma boa posição e está à vontade a cavalo, consegue fixar a mão, e não puxar para trás pendurando-se nas rédeas. O cavaleiro está bem colocado a cavalo quando a vertical do centro da gravidade está sobre a do centro de gravidade do cavalo, só neste caso é que cavalo e cavaleiro se encontram em perfeita harmonia, formando uma peça só.

Como o centro de gravidade do cavalo se desloca conforme a atitude e posição do animal, é necessário que a posição do cavaleiro se adapte também.

É uma prerrogativa de cavaleiro que possui o tacto equestre sentir imediatamente aonde se encontra o centro de gravidade do cavalo de se lhe pôr em harmonia.

É um erro cerrar os joelhos com força contra o selim. Nesta posição as pernas estão contraídas e não podem estar aderentes.

É a cavidade poplítea que tem de estar em contracto com o selim; os pés não devem estar paralelos à barriga do cavalo, mas devem cair sobre os estribos exactamente com o mesmo grau de obliquidade que têm quando se poisam no chão em marcha.

O calcanhar deve estar mais abaixo que a ponta do pé, mão não demasiadamente, pois contraí a perna, em virtude de ser uma posição forçada.

Só agrada à vista o cavaleiro que está à vontade a cavalo, sem contudo se desmanchar, e não aquele que procura ter uma linha de posição passando a vida a contrair-se, a empertigar-se, não se apercebendo do papel ridículo que faz.

rubi
Gonçalo Carvalho / Rubi AR (Londres 2012)

Nem todas as pessoas podem formar, com o cavalo que montam, um lindo conjunto; contudo, todas podem ter uma boa posição a cavalo.

Aos cavaleiros que não conservem as pernas bem descidas, e as especam par diante, nada há como galopar, bastante, em pé nos estribos. Forçam-nos a colocar as pernas e a aderi-las à barriga do cavalo.

Aos que têm o vício de as puxar exageradamente para trás, e atarraxá-las, nada há de melhor que o galope sem rédeas e com flexões do tronco á retaguarda.

O rim não deve estar exageradamente metido para dentro, pois atira o tronco para a retaguarda; se está demasiadamente para fora, o tronco vai para diante.

A mão não deve estar forçosamente sempre baixa ou sempre alta. Cada cavalo é que indica, ao cavaleiro, a altura a que deve colocar a mão.

Não se deve seguir a tendência natural de pesar sobre a perna contrária, pois se opõe o peso do tronco ao movimento; corrigir, pesando sobre o estribo de dentro.

Aconselhamos, todos aqueles que se preocupam em estar bem a cavalo e possuir uma boa posição, a fazerem bastantes exercícios ginásticos. Dão «Souplesse» e à vontade e solidez a cavalo.

In “Breves Notas Sobre uma Arte Apaixonante” (A Equitação)

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