Importância económica do sector equestre
Texto: Rafael Castejon
Catedrático de Economia Aplicada UNED
A relação entre Cavalo e Homem conta já com uma longa história de mais de 30.000 anos. Nesta relação, o cavalo foi visto primeiro como fonte de alimentação, mais tarde, como um complemento às limitações físicas do Homem, como um símbolo de poder em várias épocas históricas, como apoio e ferramenta de trabalho, e actualmente como um elemento fundamental de desporto e lazer. Nesta nova etapa da relação entre Cavalo e Homem, e as consequências económicas que podem advir da mesma, interessa especialmente, a possibilidade de incrementar o emprego e actuar em zonas rurais ou em sectores estratégicos assim como no turismo. Qual poderá ser a contributo do Cavalo na conjuntura económica e social actual?
Sendo maior ou menor o impacto económico do cavalo, tem uma relação directa com o comportamento dos diferentes agentes económicos intervenientes nas actividades equestres.Naqueles países onde o cavalo está orientado para o lazer e desporto, foram introduzidas mudanças na criação e noutros campos relacionados com a actividade equestre para torná-los mais aptos na hora de satisfazer as necessidades das pessoas que deles usufruem.
Mas o sector público viu já novas oportunidades de fomentar o emprego e o desenvolvimento rural sustentável ou as novas ofertas de turismo.Os conjuntos das actividades produtivas que estas mudanças originaram, são extensas, desde a criação especializada, até às indústrias auxiliares do mundo equestre, sem esquecer o ensino de cavalos e cavaleiros ou as actividades relacionadas com alojamento, hotelaria e seguros.A todo este novo conjunto pode chamar-se ‘Indústria do Cavalo’. O seu crescimento está relacionado com o nível do PIB de cada país, mas também com a resposta das empresas às novas exigências dos aficionados. Naqueles países onde a resposta tem sido positiva, incrementou-se a produção, o emprego e a riqueza, produzindo assim um duplo impacto. Em primeiro lugar, nas actividades relacionadas directamente com o mundo dos cavalos, como determinadas produções agrícolas (palha, cevada, forragens, etc.) ou determinadas empresas de transporte, assim como o trabalho de tratadores, ferradores e outros profissionais que trabalham com cavalos. Mas também noutros sectores económicos, como fábricas de roupa, companhias de seguros, hotéis e restaurantes, que têm uma relação indirecta com o gasto feito em muitas destas actividades desenvolvidas no sector.
As investigações realizadas nos principais países, para avaliar a importância do sector equestre, concluiram que o gasto médio anual por cavalo, pode ascender a mais de 8.000 euros quando estes se dedicam a actividades desportivas e a 3.500 euros se o objectivo for a equitação de lazer. O emprego directo e indirecto gerado é de um trabalhador por cada 10 cavalos, sejam estes destinados à área desportiva ou de lazer.
As conclusões mais importantes que são retiradas deste estudo são: que se aumentar a criação de cavalos de qualidade, tanto para lazer como para desporto, pode-se aumentar as receitas e o emprego. Mas para que esta potencial procura se torne realidade, não só é preciso produzir cavalos adequados, mas também é necessário fomentar todo o tipo de actividades equestres como competições, feiras do cavalo, rotas de turismo equestre, etc.
Melhorar a criação e direccioná-la para a procura dos aficionados, dotando-a de serviços complementares para que as actividades equestres procuradas se possam realizar. É a base para um Plano Estratégico que torna possível a contribuição do sector equestre para o desenvolvimento económico de um país, um Plano que deveria ter como objectivos principais:
1. Juntar os esforços de todos os implicados na indústria do cavalo, tanto a nível nacional como regional e local.
2. Incrementar a participação dos aficionados do cavalo e desenvolver o contributo social da Indústria do Cavalo.
3. Apoiar os resultados económicos das empresas do sector equestre.
4. Aumentar as competências equestres da população, o treino e nível de qualidade.
5. Incrementar o acesso a cavalos e charretes em caminhos rurais.
6. Considerar o impacto do cavalo no ambiente.
7. Estimular a excelência no desporto equestre.
5. Melhorar a qualidade de criação de cavalos e póneis.