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A influência do “acaso” na criação do cavalo Lusitano

Por Rodrigo Coelho de Almeida

 

A crise económica é incontornável, há que encará-la com frontalidade, abertura, e assumir que o sector da criação vive dias complicados face à conjuntura económica global. Também este sector sente a oscilação da Lei da oferta e da procura, condicionada pelos níveis de empregabilidade e rácios económicos, que actualmente indiciam uma realidade económica em recessão global. A criação de cavalos Lusitanos não pode ficar indiferente a esta realidade! Impõe-se visão estratégica e adopção de medidas que minimizem o impacto económico, e que ao mesmo tempo sejam assertivas no estímulo à procura.

À escala do criador, o Sr. Francisco Cancella de Abreu já alertou, e bem, que estamos perante uma oportunidade de opção na redução do número de partos, e subsequente aposta em partos mais assertivos – apenas vocacionado às melhores éguas. É uma perspectiva que se traduz num aumento da pressão de selecção, e consequente resposta à selecção, num direccionamento do investimento à qualidade (aceleração do melhoramento genético).

No mundo da criação há que ter uma perspectiva económica e perceber que também aqui terá de haver um especial cuidado no desenvolvimento de capacidade competitiva sustentável (capacidade de oferecer valor à procura que, não seja igualado pela concorrência), e muita atenção à particularidade da gestão de stocks e custos.

O conjunto Edward Gal e Moorlands Totilas tem obrigatoriamente de nos fazer reflectir nas vantagens competitivas da nossa raça e na forma como as temos gerido. Uma das faculdades da nossa raça é a apetência para a concentração e os ares altos!

O caso Gal/Totilas vem demonstrar que afinal os warmbloods já lá chegaram. Como? Muito trabalho de selecção, rigor, disciplina, persistência, e clarividência nas escolhas que se impõem na adaptabilidade do melhoramento à procura.

A desculpa que os Latinos são um povo avesso à disciplina e ao rigor, ganhou sentido com o fundamento da queda do Império Romano. Há que não esquecer que na altura os individualistas e avessos à disciplina eram os povos germânicos (apelidados de “Bárbaros”). Os descobrimentos foram um dos momentos da glória portuguesa, mais pela postura aventureira do que pela riqueza acumulada, que deveriam servir de trampolim para feitos maiores e não para sofá da melancolia.

Para alcançarmos a almejada vantagem competitiva, deverá promover-se um investimento nos factores de diferenciação da raça. Este pode ser considerado um investimento estruturante e com capacidade para desenvolver essa vantagem num futuro em mutação.

Uma vantagem competitiva sustentável requer:

• Objectivos de melhoramento claramente definidos;
• Um plano de melhoramento genético credível;
• Eficiência na gestão de recursos (financeiros, técnicos e sobretudo os Humanos);
• Investimento nos factores de diferenciação da raça.Seguinte

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