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Cruzar – Uma valência para o Lusitano?

No panorama da criação e com o presente artigo, o seu autor procura aproximar a reflexão e afastar o dogmatismo na busca de um pensamento cívico acerca dos cruzamentos, onde é evidenciada a hipótese de existência de um caminho paralelo, equidestante, e complementar ao purismo. Será este uma valência para o Lusitano?

Por Rodrigo Coelho de Almeida

Nota importante: os cruzamentos referidos no presente artigo, referem-se a animais inscritos ou a inscrever em Livros Genealógicos em que existe viabilidade normativa para esse efeito.

É vital proporcionar um entendimento que a raça Lusitana sai beneficiada com esta mistura (externa à raça), pois seguramente que representará mais um canal de escoamento à venda de material genético (ex. sémen de Lusitanos Top), que em alternativa podem proporcionar um complemento à utilização da raça Puro-Sangue Inglês, nos cruzamentos actualmente praticados nas inúmeras raças Warmblood. Só a raça Hanoveriana representa cerca de 19.000 éguas registadas! É uma realidade numérica e económica que não pode ser negligenciada.

Com a ascensão da estética como critério de selecção no Puro-Sangue Árabe, a par das corridas de fundo, o Puro-Sangue Lusitano fica com maior espaço de afirmação funcional, como cavalo de sela de sangue quente. Os cavalos do Sul sempre se afirmaram pela energia e finura!

O efeito do meio é uma realidade insofismável – múltiplas gerações de Lusitanos nascidos num clima da Península Ibérica, não são iguais a várias gerações de nascidos num clima tropical ou mesmo do norte da Europa. Esta realidade é atenuada com refrescamentos frequentes e recorrentes! Este é um papel que Portugal e Espanha devem assumir de forma atenta, fiável, e competente dentro do Lusitano – raça fechada.

É do conhecimento generalizado que cada vez é mais raro encontrar um PSI uphill! A selecção para corridas tem proporcionado uma fixação cada vez mais acentuada da ausência dos atributos desejáveis num bom cavalo de sela. A título de exemplo veja-se a dificuldade que a Alemanha teve para encontrar um PSI com as características do Lauries Crusador.

Recentemente li que a coudelaria Ortigão Costa e a organização Dressage Plus haviam feito uma parceria que envolvia a compra de sémen do Totilas. Parece-me que a coudelaria Ortigão Costa, ao disponibilizar 25 éguas Lusitanas para esse cruzamento, está a fazer uma aposta de futuro que pode acarretar favoráveis implicações económicas para a raça Lusitana. A performance o dirá!Mais uma vez enfatizo que é importante equacionar novos mercados, sem que isto constitua imagem de perigo para a raça Lusitana (que é estanque e fechada; tem normativo e plano de melhoramento próprio), mas antes uma imagem de sinergia, complementos ou alternativas, fundamentais para alimentar o bem-estar económico de quem quer manter a criação de cavalos, enquanto realidade auto-sustentável.

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