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O Lusitano a Preto e Branco

Por Rodrigo Coelho de Almeida

É importante sugestionar um momento de reflexão e de interiorização. Para tal, nada como citar Nelson Mandela, numa carta escrita a Winnie Mandela.

Diz Mandela:“A cela é o lugar ideal para nos conhecermos a nós próprios, para aprofundarmos de forma realista e regular os processos da nossa mente e dos nossos sentimentos. Ao avaliarmos a nossa evolução enquanto indivíduos tendemos a concentrarmo-nos em factores externos como a posição social, o poder de influência e a popularidade, a riqueza e o nível de instrução. Estes são, de facto, factores importantes para a avaliação do nosso sucesso individual no que se refere a aspectos materiais e é perfeitamente compreensível que muitas pessoas se empenhem em alcançá-los. Existem no entanto factores internos que podem ser ainda mais decisivos na avaliação de uma pessoa enquanto ser humano: a honestidade, a sinceridade, a simplicidade, a humildade, a generosidade, a ausência de vaidade, a disponibilidade para ajudar os outros – qualidades ao alcance de todas as almas – constituem os alicerces da vida espiritual de cada um de nós. A evolução em matérias desta natureza é impensável sem uma introspecção séria, sem nos conhecermos a nós próprios, sem conhecermos as nossas próprias fraquezas e os nossos erros. No mínimo, se não nos der mais nada, a cela proporciona-nos a oportunidade de analisarmos todos os dias a nossa conduta na sua globalidade, de ultrapassarmos o que de mau houver em nós e desenvolvermos o que possamos ter de bom. A meditação frequente, nem que seja durante 15 minutos por dia antes de adormecer, pode ser muito proveitosa a este respeito. No início pode parecer-nos difícil identificar os aspectos negativos da nossa vida, mas com perseverança este exercício poderá revelar-se altamente compensador. Não devemos esquecer que um santo é um pecador que não cessa de se esforçar.

”A CELA DE MANDELA MUITO PROVAVELMENTE PODERÁ SER CONSIDERADA A FÓRMULA DA ASPIRINA SOCIAL DO SÉC. XXI!!!

Esta mensagem é de uma profundidade que arrepia. Em complemento, Kant que dizia-nos que o “esclarecimento é a saída do homem da sua menoridade”.

Numa altura em que o mundo do cavalo Lusitano fervilha, é importante que os discursos de campanha eleitoral da APSL se centrem nas ideias e na ética, e que se abandone de vez, a técnica abominável de telefonemas de campanha aos associados, em estilo de telemarketing da amizade, com discursos ao jeito de Jorge W. Bush, onde se procura separar o branco do preto, o bem do mal, personalizando questões, como se o cinzento não existisse na panóplia de cores da vida desses agentes do telemarketing. Ainda bem que os Juízes da raça, o Secretário Técnico da raça, e os restantes funcionários da APSL, dentro do elevado sentido ético que lhes reconhecemos, não pactuam com esta postura, e se remetem à neutralidade que lhes é devida por inerência profissional.

É verdadeiramente importante que estas eleições constituam um forte apelo à participação de toda a massa associativa nas urnas. E é mais importante ainda, que a presidência seja ganha pelas ideias e pela motivação de conferir um novo alento e projecção à raça mais funcional do mundo de cavalos de sela… de sangue quente.

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