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Corridas de cavalos: afastar de vez o cenário d’ Os Maias de Eça de Queiroz

As corridas de cavalos estão num ponto de transição. Aproxima-se o momento em que serão legalizadas as apostas desportivas em corridas hípicas. As notícias dão conta de que o passo poderia ser dado em 2018, e seguramente que não deveriam existir grandes entraves políticos a este passo.

Se o Campeonato Nacional de Corridas de Cavalos tem vindo a atrair cada vez mais adeptos, é certo que a legalização das apostas poderá constituir o passo decisivo no sentido do crescimento do desporto. Afinal, a possibilidade de apostar está à disposição de praticamente todos os outros desportos em Portugal e é sabido que se trata de um atrativo extra no sentido de cativar os fãs e aficionados.

Apostas desportivas online e jogos de casino

A legalização das apostas desportivas nas corridas de cavalos não será mais do que a regularização de uma situação que já é tranquilamente aceite na sociedade portuguesa. Nem vale a pena referir que durante décadas as pessoas podiam jogar no Totobola, ainda que fosse uma forma de aposta limitada. Hoje em dia, além das apostas desportivas em papel, é possível fazê-lo em plataformas online, bem como jogar jogos de casino online, incluindo blackjack ao vivo, sem qualquer limitação. Como se justifica manter as corridas de cavalos ainda no século XIX?

 

Como se ainda estivéssemos no tempo d’ Os Maias

O épico romance “Os Maias”, de Eça de Queiroz, obra fundamental da literatura portuguesa, aborda o tema das corridas de cavalos na Lisboa do século XIX com a ironia fina e a subtileza que eram apanágio do romancista. A cena das “corridas no hipódromo” revela as dificuldades que o desporto passou para se impor na nossa sociedade, que apesar de ter uma longa tradição de ligação ao cavalo, não a concebia desta forma. Apesar das dificuldades, os portugueses amantes dos cavalos fizeram sua esta forma de entretenimento. Contudo, no aspeto da regulamentação das apostas desportivas, é como se ainda estivéssemos presos ao tempo d’ Os Maias. Esperemos que 2018 seja o ano em que, neste campo, Portugal dará o salto para o século XXI.

Países como a França e a Inglaterra desenvolvem uma indústria lucrativa em torno das corridas de cavalos. Já Portugal, país com uma tradição milenar na sua relação com o cavalo, e com um enorme potencial em termos de reprodução, criação e expansão da indústria cavalar no geral, mantém-se ainda neste patamar. Aguardam-se novos desenvolvimentos.

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