Ferraduras pelos cavalos e pelos impostos…
Considerado um dos objetos que menos evolução sofreu ao longo da sua longa existência, a ferradura não inspira unanimidade em termos de datas.
O que é consensual é que a necessidade de proteger os cascos dos cavalos se fez sentir quase desde que foram domesticados, uns três mil anos antes de Cristo. Por isso, antes do nascimento da ferradura propriamente dita, foram testadas outras soluções: na Ásia antiga, por exemplo, embrulhavam-se os cascos dos animais em couro para prevenir o desgaste; mais tarde, os romanos apostaram nas “hipos-sandálias” – de couro e com sola de ferro.
Em relação à ferradura propriamente dita, é que a história é mais incerta. Sabe-se que em 1897 quatro ferraduras de bronze com supostos buracos de pregos foram encontradas numa sepultura etrusca datada algures do ano 400 a.C. (os etruscos foram um povo que povoou a Península Itálica a partir do século IX a.C.), mas desconhece-se se em causa estarão realmente os primeiros exemplares.
Já as primeiras referências históricas às ferraduras de bronze fundidas com orifícios de pregos surgem a partir do século X. Cerca de cem anos depois, este objeto torna-se num fim comum um pouco por toda a Europa, ao ponto de durante o tempo das Cruzadas (1096-1270) já ser considerado um artefacto normalíssimo.
A dada altura, a necessidade de ferraduras era de tal ordem que a ferraria se tornou um dos grandes ofícios dos tempos medievais, impulsionando mesmo o desenvolvimento da metalurgia. Curioso é constatar também que naquela altura, devido ao valor do ferro, as ferraduras chegaram a ser aceites em vez da moeda para pagar impostos.
De primórdios nebulosos, crê-se que a ferradura tenha sido uma das grandes impulsionadoras do desenvolvimento da metalurgia.