Com 25 anos de idade, Rodrigo Pessoa, do Brasil, pode agora ser chamado o rei das competições de saltos.
Em Maio ganhou a Final da Taça do Mundo, e no dia 11 de Outubro venceu individualmente o Campeonato do Mundo nos Jogos Equestres Mundias de Roma. Pessoa ultrapassou os três cavaleiros mais velhos com quem trocou de cavalos, fazendo três mãos limpas nos quatro percursos que realizou. O único erro de Pessoa foi com San Patrignano Joly Coeur, a montada do defensor do título, Franke Sloothaak, com o qual derrubou o primeiro obstáculo.
O francês Thierry Pomel fez também três mãos limpas, mas as suas 5 faltas em tempo, montando Gandini Lianos, de Pessoa e no Joly Couer deixou-o com uma falta a mais que Pessoa, o que o relegou para o segundo lugar.
Sloothaak levou a medalha de bronze depois de dois percursos com quatro faltas montando Thor des Chaines, de Pomel e Calvaro V, de Willi Melliger o que o fez terminar com 8 faltas. Melliger derrubou uma barra com todos os cavalos excepto Calvaro V.Para Pessoa, ganhar esta medalha de ouro foi particularmente emocional porque o seu pai Nelson, de 62 anos, participou no primeiro Campeonato do Mundo em 1966 e tem vindo, deste então, a concorrer em quase todos incluindo o deste ano em que montou Gandini Baloubet de Rouet, cavalo que Nelson emprestou a Rodrigo e com o qual este venceu a Taça do Mundo.
Nelson Pessoa esteve no campo de aquecimento ajudando o filho com todos os cavalos. Rodrigo disse depois que o seu pai tinha tido um importante papel em todas as suas vitórias deste ano.”Tudo tem sido mais fácil para mim porque temos melhores cavalos e devido também à experiência do meu pai,” disse Rodrigo. “Estamos hoje em dia a colher os frutos da sua vida de trabalho pois não temos que repetir os mesmos erros”.
A competição final dos JEM ’98 começou às 15H00 quando os quatro cavaleiros fizeram, nos seus próprios cavalos, mãos limpas sobre um percurso surpreendentemente grande, de Marcello Mostronardi. A seguir Pomel fez uma mão limpa no Calvaro e os outros três cavaleiros fizeram quatro faltas cada.
Na terceira, Pessoa obteve uma segunda mão limpa montando o complicado Thor des Chaines, mantendo-se assim com um total de 4 faltas. Sloothaak e Melliger não conseguiram igualar esse resultado (cada um deles tinha 4 faltas), mas Pomel não pontuou na montada de Pessoa, Gandini Lianos e passou para primeiro com 5 faltas. Pessoa iniciou a volta final com uma categórica mão limpa montando Calvaro V e assim pressionando Pomel. O francês conseguiu manter Joly Coeur na atitude de concentração com que Sloothaak costuma montá-lo, mas derrubou a barra do oxer no obstáculo 6B perdendo a liderança. Se Pomel não tivesse tido faltas em tempo em dois cavalos, teria forçado Pessoa a uma barrage a fim de decidirem o titulo.
Os Jogos Equestres Mundiais ’98 terminaram com uma saudação a Jerez (Espanha) que hospedará os Jogos em 2002.
Um conjunto de cavalos espanhóis exibiu-se durante quase uma hora, como parte das cerimónias de encerramento.A Alemanha conquistou a maior parte das medalhas neste Jogos Equestres Mundiais – cinco de ouro, duas de prata e quatro de bronze, num total de 11.
França e Holanda ganharam cada, quatro medalhas. As três medalhas dos Estados Unidos foram ganhas em volteio.
O conjunto português Miguel Faria Leal/Surcouf de Revel apresentou-se com uma boa preparação técnica, mas a Surcouf de Revel faltou-lhe claramente a preparação física, a endurance.
Depois de uma prova de adaptação que parecia deixar prever algo de bom, a prova de caça saldou-se por um fraco 79º lugar, pois o cavalo, perante uma caça a 1.55m não esteve à vontade para cumprir a prova no galope que Miguel quis imprimir.
No dia da Taça das Nações, prova que contava como 2ª e 3ª qualificativa, Surcouf apareceu bem, fez uma primeira mão saltando à vontade com muito bons apontamentos técnicos até aos 2 últimos obstáculos (triplo com interdependência de vertical) onde, após 14 esforços, o cavalo não teve a frescura necessária para finalizar como tinha começado. Saldo: 12 pontos em 4 esforços + tempo. Na 2ª mão da Taça das Nações (3ª qual. Individual) o cavaleiro retirou após 2 toques, resultado final: 67º lugar em 87 participantes.
A experiência e o conhecimento mútuo do conjunto não foi suficiente para superar uma má preparação física, pois sabemos que após o início do trabalho em fins de Março deste ano até aos Jogos houve um mês (após a lesão sofrida em Barcelona) em que Miguel não pôde montar, e 6 semanas (após lesões nos cascos sofridos pelo cavalo no concurso de Deauville) em que Surcouf de Revel não pôde trabalhar.
É de levar ou não um conjunto nestas condições aos Jogos Equestres Mundiais? Haverá por certo quem encontre razões para o ‘sim’ e quem encontre razões para o ´não’, o que é certo é que milagres não existem e uma presença na final só por milagre pois enquanto os outros conjuntos se preparavam em Aix La Chapelle, Donaueschingen ou Jardy, Miguel e Surcouf estavam em casa à espera que o cavalo melhorasse.
Deixemos que seja o Leitor a pesar os prós e os contras e fazer o seu juízo. Por nós gostaríamos de ver portugueses na final do Campeonato da Europa ’99 em Hickstead – em melhores condições…