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Londres 2012: Luciana Diniz com porta aberta para a Final

Texto: Margarida Ferreira Neves

É difícil definir o percurso da Luciana Diniz pois a sua qualidade técnica foi soberba, apesar desta cavaleira se encontrar sobre enormes pressões, começando por ser a única representante portuguesa em obstáculos, porque estava obrigada a fazer um percurso sem faltas e como se isto não bastasse, seria a primeira a entrar em pista nesta segunda classificativa de Saltos de Obstáculos.

Luciana demonstrou através da sua apurada técnica, pela submissão do seu cavalo e pela frieza ao longo do percurso, as qualidades que apenas se encontram nos grandes campeões.Com este percurso milimetricamente estudado, com o cavalo em permanente equilíbrio e sobre a tensão apenas necessária, esta cavaleira veio demonstrar que em equitação e no desporto equestre não existem impossíveis para os grandes mestres e cavaleiros.

A sua subida na classificação geral ao efectuar hoje um percurso sem faltas permite mais uma vez, que os portugueses possam sonhar (e ainda mais a própria Luciana) com a entrada na Final desta competição!

Tudo é possível e se bem que a responsabilidade da cavaleira se mantenha em parâmetros muito altos, mas a verdade é, que a pressão baixou significativamente,Quanto ao percurso desta 2ª classificativa é nossa opinião que Bob Ellis alcançará nestes Jogos um êxito estrondoso e como tal este será o marco mais importante da sua carreira enquanto Director de Pista e não nos esqueçamos que para Bernardo Costa Cabral, um dos seus assistentes, esta poderá ser a lição da sua vida para actividade de Director de Pista!

O percurso ultrapassou as expectativas no sentido positivo, conferindo igualmente grande beleza e interesse, com momentos de grande adversidade desportiva entre os conjuntos participantes, ou seja o espectáculo equestre que se pretende para uns Jogos Olímpicos.

Com uma primeira parte bastante seguida, com distâncias a permitir lançar os cavalos, tal como era o caso da linha do salto vertical com o número 4, reproduzindo a Ponte de Londres, muito ligeiro e aberto, tendo a quatro passadas normais um duplo e a outras 4 passadas uma ria igualmente em óptima distância, no entanto é nossa opinião que as dificuldades surgiram após a salto 7, a vala de água, não pela vala em si, mas pela dificuldade da volta que se lhe seguia para abordar um triplo amarelo e que acabou por determinar diversos derrubes.

Mas as dificuldades não pararam aqui pois logo a seguir a este triplo, embora houvesse um momento de respiro para os cavalos, e porque não para os cavaleiros, com uma ria após longa volta, surgiria logo seguir o obstáculo 10, uma enorme tríplice seguida de um vertical encarnado ligeiríssimo, condicionado a 5 passadas curtíssimas ou 6 largas, se bem que esta última opção apenas fosse a escolhida por um número muito escasso de cavaleiros. O resultado não se fez esperar e com os cavalos em fim de percurso, já algo abertos e com dificuldade de retomarem o equilíbrio, rapidamente os derrubes neste salto vertical foram surgindo.

Mas para quem pensasse que já tinha cumprido a tarefa difícil eis que surge na volta o obstáculo 12, um vertical em opção com outro seu irmão gémeo, que pela sua aparente facilidade seria palco de vários derrubes.

Portanto um magnífico percurso, que deixa a classificação final em aberto e uma prova em que a pontualidade britânica se fez sentir na entrada e saída de cavaleiros.Temos portanto para a terceira prova classificativa e antes de chegarmos Luciana Diniz,  12 conjuntos com 0 pontos, 2 com 1 ponto, 2 com 2 pontos, 10 com 4 pontos, 3 com 5 pontos, 1 com 6 pontos, seguindo-se então o grupo de Luciana Diniz.

Em equipas as surpresas foram impressionantes e avassaladoras, com a Alemanha, a França e a Bélgica a não serem apuradas para 2ª mão da Taça de Nações, o que certamente vai provocar manifestações de desagrado interno nesses países quanto a estes resultados!

Nota alta, mesmo muito alta, vai para a equipa da Arábia Saudita que sai para 2ª classificativa por equipas em “primeiríssimo lugar” e apenas com 1 ponto de penalização!

Não queria terminar sem referir os magníficos percursos de Maestro de St. Lois que pertenceu e foi montado pelo cavaleiro português João Mota, actualmente montada do brasileiro Reynoso Fernandes Filho.

Agora é hora de descanso e para retemperar forças para amanhã apoiar de novo a Luciana Diniz em representação do Pavilhão Nacional!

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