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Dica do Mês: Castrar ou não castrar? eis a questão…

Texto: Dr. Henrique Cruz
Cartoon: Pedro Dória

Por vezes, mandar castrar um cavalo pode ser uma decisão difícil de tomar. Apesar de se tratar de uma cirurgia relativamente simples, existe sempre o potencial de ocorrerem complicações, seja durante o procedimento ou após o mesmo. As complicações mais comuns são o inchaço do escroto e a infecção do cordão espermático, os quais poderão ser minimizados através de um maneio adequado. Complicações menos frequentes, mas mais sérias, são o risco de hemorragia e o risco de evisceração.

De um modo geral as vantagens da castração superam as suas desvantagens. Os cavalos castrados tendem a ser mais dóceis e gentis e mais fáceis de montar e lidar. Os cavalos castrados tendem a distrair-se menos durante o trabalho e durante as competições e são menos atraídos por éguas em cio. É menos provável um cavalo castrado tentar montar uma égua, o que reduz o risco de acidentes. Além disso eliminam-se tambem todos os problemas associados a patologia testicular como traumatismos, tumores ou torções do cordão espermático. Por vezes os testículos podem interferir com o andamento dos membros posteriores. Cavalos castrados podem ser soltos no pasto juntamente com outros castrados ou com éguas, sem que haja grandes problemas de agressões, proporcionando-lhes assim oportunidades de socializar, exercer hierarquias sociais e realizar exercício físico livre.

A única vantagem de manter um cavalo inteiro, como garanhão, é a possibilidade de obter sémen. Muitos garanhões são confinados a situações de isolamento, aborrecimento e consequente frustração, uma vez que estes animais não podem ser soltos em liberdade com outros cavalos devido ao risco de lutas e consequentes traumatismos. Um garanhão que nunca tenha sido utilizado para a reprodução nunca sentirá falta dessa actividade depois de castrado. Á medida que um garanhão envelhece, a testosterona pode levar à acumulação de depósitos de gordura na região do pescoço, vulgarmente conhecido por “gato”, os quais constituem um defeito cosmético causando um desvio da crineira para um dos lados do pescoço.

Ao considerar solicitar uma castração, o médico veterinário poderá sugerir uma das 3 técnicas mais comuns:

1. O procedimento pode ser feito com o cavalo em pé, sob sedação e anestesia local. Usa-se uma técnica chamada “aberta” em que a ferida é deixada aberta de modo a drenar livremente e cicatrizar de dentro para fora.

2. A mesma técnica “aberta” pode ser feita tambem com o cavalo deitado, sob anestesia geral, na casa ou instalações do proprietário do cavalo ou no centro hípico onde o mesmo é alojado.

3. A técnica “fechada” implica a colocação de suturas e fecho da ferida cirúrgica e exige condições elevadas de asépcia pelo que deve ser realizada em anestesia geral num bloco operatório numa clínica ou hospital de equinos.Qualquer das técnicas tem vantagens e desvantagens, pelo que o assunto deverá ser previamente discutido com o seu médico veterinário de modo a que possa ser tomada uma decisão acertada e informada.Independentemente da técnica, um cavalo castrado poderá ser um animal mais feliz, mais saudável e menos perigoso de lidar.

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