Dica do Mês: Desparasitar ou não desparasitar? eis a questão…
Texto: Dr. Henrique Cruz
Cartoon: Pedro Dória
A presença de parasitas, internos ou externos, não é necessariamente uma coisa má.
Actualmente existe evidência de que alguma carga parasitária pode inclusivamente ser benéfica para o hospedeiro uma vez que estimula o sistema imunitário, reduzindo a incidência de alergias e desequilíbrios da flora microbiana do aparelho digestivo.
Por outro lado, parasitas em excesso podem causar problemas como cólicas, anemias (perda de sangue), perda de peso e também dano estrutural nos órgãos por onde migram e se alojam os parasitas. Ao elaborar um programa de desparasitação deverão ser considerados vários parâmetros como por exemplo a idade dos animais, estado de saúde, risco de exposição e localização geográfica.
Diversos estudos demonstraram que os parasitas dos cavalos não afectam todos os animais por igual. Regra geral, numa manada de cavalos apenas cerca de 20 por cento dos animais contêm 80 por cento da carga parasitária. Isto significa que nem todos os cavalos têm de ser desparasitados com a mesma frequência ou intensidade. É importante identificar quais são os cavalos portadores da elevada carga parasitária pois apenas esses deverão ser desparasitados com intensidade. A identificação dos cavalos portadores de parasitas é feita através de exames às fezes. Deve solicitar ao seu médico veterinário que realize exames às fezes dos seus cavalos para contagem do número de ovos de parasitas. Consoante os resultados dessas análises o médico veterinário poderá depois elaborar um programa de desparasitação adequado à quadra em questão.
A resistência aos desparasitantes é outra realidade que deve ser tomada em consideração. De facto nem todos os desparasitantes são eficazes contra todos os parasitas. Por essa razão, não se deve assumir que um cavalo não tem parasitas só porque foi desparasitado. É importante confirmar a eficácia da desparasitação. A eficácia é comprovada através de exames às fezes antes e depois da desparasitação. Para uma desparasitação ser considerada eficaz, o número de ovos de parasitas nas fezes deverá ser 90 por cento inferior ao valor antes da desparasitação.
Para evitar a propagação de resistências a utilização de desparasitantes deveria ser contida ao mínimo necessário para manter os animais saudáveis. A única forma racional de obter este objectivo é através da realização de exames às fezes e consequente desparasitação individual consoante os resultados. Além da utilização de desparasitantes, o parasitismo também deve ser controlado através de métodos naturais como a remoção periódica e frequente das fezes da pastagem, alteração e rotação dos pastos e pastagem conjunta com outras espécies animais, como por exemplo ruminantes.
Aconselhe-se com o seu médico veterinário antes de desparasitar indiscriminadamente os seus cavalos.