Dica do Mês: Exercício físico e fertilidade em éguas
Texto: Dr. Henrique Cruz
Desenho de Pedro Dória
O advento da transferência embrionária permitiu que as éguas continuassem a treinar e competir durante a época reprodutiva. No entanto, especula-se que o stress associado ao exercício físico possa ser prejudicial à eficiência reprodutiva das éguas. De modo a testar esta hipótese foi conduzido um estudo por um grupo de investigadores nos Estados Unidos que avaliaram o impacto do exercício físico sobre a eficiência reprodutiva e transferência embrionária em éguas. Este estudo foi publicado na edição de Novembro 2012 do Journal of Animal Science.
Foram utilizadas 16 éguas que foram divididas em 3 grupos de regimes diferentes de exercício físico. O primeiro grupo era o grupo de controlo e consistiu em 4 éguas mantidas em regime de pastagem. O segundo grupo era o grupo de exercício parcial e consistiu em 6 éguas mantidas tambem em pastagem mas submetidas a um treino diário de 30 minutos durante o período de cio e que era interrompido após a deteção da ovulação. O terceiro grupo consistiu em 6 éguas submetidas ao mesmo regime de treino mas sem interrupção durante toda a época reprodutiva, ou seja estas éguas continuaram a ser exercitadas após a ovulação.
Todas as éguas foram submetidas a exames regulares por ecografia para avaliar o crescimento folicular e determinar a ocorrência de ovulação. Foi efectuada inseminação artificial em todas as éguas seguida de colheita de embriões 7 dias após a ovulação, pelo método de lavagem intrauterina.
Os resultados deste estudo revelaram que o exercício físico induziu um aumento dos níveis de cortisol em todas as éguas. Estudos prévios revelaram que o cortisol pode ter efeitos adversos sobre a fertilidade. A taxa de recuperação de embriões foi menor nos grupos de éguas submetidas a exercício físico em comparação com as éguas do grupo de controlo. Não houve diferença na taxa de recuperação de embriões entre os grupos de éguas em exercício parcial e as éguas em exercício contínuo. No entanto, quando se avaliava a qualidade dos embriões recuperados, o grupo de éguas submetidas a exercício parcial apresentou qualidade inferior.
A conclusão dos autores do estudo foi que o exercício físico apenas parece ser prejudicial durante o período que antecede a fertilização do ovulo. O repouso das éguas apos a ovulação não parece aumentar a taxa de recuperação de embriões; ou seja não aumenta a eficiência reprodutiva das éguas. É possível que o aumento de cortisol diminua os níveis de hormonas reprodutivas, afetando a qualidade do oócito e comprometendo a fertilização.
O impacto do exercício físico sobre a taxa de fertilidade na égua é uma área que necessita ainda mais investigação. Este estudo tem algumas limitações sobretudo pelo número reduzido de animais utilizados. No entanto estes resultados poderão ter alguma aplicação prática em casos clínicos de situações de fertilidade reduzida.
19/12/2012