ArtigosManeio & Técnica

Instintos basicos: nascimento e desenvolvimento inicial

O período de crescimento pode ser descrito como o tempo desde os primeiros movimentos do feto, após a concepção, até que atinge o desenvolvimento completo e a idade adulta.O animal adulto atravessou mudanças de comportamento que são o produto da aprendizagem e das características do ciclo natural da vida de uma dada espécie.O período de desenvolvimento inicial é o tempo da vida do poldro quando os seus padrões de comportamento, conjuntamente com as características anatómicas e fisiológicas vão passando por rápidas e significativas modificações que o influenciarão para o resto da sua vida.

Ao nascer, o poldro apresenta padrões comportamentais que desenvolveu no período pré-natal enquanto no útero da mãe. Os movimentos podem ser detectados a partir do terceiro mês de vida fetal em diante por meio de perscrutação ultra-sónica. Isto torna-se progressivamente mais complexo porque o feto desenvolve-se completamente dentro da mãe durante o período de gestação, cuja duração média é de 335-340 dias.

Na altura do nascimento as patas da frente do poldro aparecem logo a seguir à ruptura da membrana alantóide, a estimulação dos membros nesta fase provocará uma resposta reflexa. O potro deixa de responder ao estímulo enquanto passa pelo pélvis da mãe até que os quadris estejam libertados. Após segundos de ter nascido o ritmo respiratório está estabelecido, e o recumbito do esterno/a postura levantada da cabeça e pescoço são conseguidos em poucos minutos.

Os poldros, são normalmente, capazes de se levantarem dentro de quinze minutos/uma hora depois do parto.Os movimentos dum poldro recém-nascido continuam geralmente com sucessivas experiências.

Os cavalos são uma espécie “seguidora”, e é essencial para um poldro estar apto a mover-se o mais depressa possível depois do nascimento para seguir a mãe sem hesitação. A mãe reconhece o poldro por meio da vista, cheiro e som. Os laços filho-mãe levam 2-3 dias a estabelecer-se e durante este tempo a mãe poderá demonstrar evidentes sinais de agressividade em relação a qualquer outro cavalo que se aproxime demais do seu poldro.

IMPRIMIR

“Imprimir” diz-se de várias alterações de comportamento pelas quais um animal jovem se liga devotadamente a uma “figura materna”. Esse registo (impressão) acontece geralmente logo a seguir ao nascimento e resulta numa fixação difícil de mudar.É uma forma única de aprendizagem, a qual, não tem comparação com qualquer outra forma. É irreversível e restringida a um breve “período sensível (impressionável)” que se segue ao parto.Espécies precoces, como são os cavalos, tendem a seguir após o parto, objectos de grande porte em movimento. Porém os poldros podem também imprimir objectos fixos de grande porte, como por exemplo, árvores, e recusarem-se a afastaram-se delas. Há ainda animais que são adoptados por mães de espécies diferentes/i.e. gatinhos criados por uma cadela com cachorros) e que imprimem a figura da nova mãe e actuam de facto, como se fossem cães. Uma associação a longo termo com outra espécie, especialmente quando a associação envolve alimentação, pode influenciar o comportamento do animal e a escolha do parceiro sexual por toda a vida. A socialização mais generalizada com outros animais/espécies, podem, no entanto ocorrer muito depois do período susceptível de provocar a fixação ou impressão.

A “impressão” ocorre nas espécies animais nas quais a ligação com os pais, com grupos de animais afins, e com membros do sexo oposto é muito importante mas que corre o perigo de ser mal orientada.Verifica-se que o tempo sensível à impressão coincide com o tempo em que a possibilidade de erro é mínima, isto é, antes que o recém-nascido tenha a chance de encontrar indivíduos de qualquer outra espécie que não seja o da mãe.

Como as éguas prenhes frequentemente se isolam dos outros cavalos antes do parto, ou somos nós que as isolamos, normalmente, o primeiro grande objecto em movimento visto pelo poldro acabado de nascer, é a sua própria mãe.O novo poldro pode ficar confuso com outros grandes objectos em movimento, mas recebe também importantes estímulos tácteis da mãe.Através do contacto com a superfície do ventre da mãe aprende a identidade e localização do úbere e encontra as tetas.

O comportamento da égua também se modifica no período pós-parto, aumentando a eficiência da sua tarefa de vigiar o potro.Neste período crítico a mãe aprende rapidamente a identificar o seu recém-nascido e relacionar-se com ele como uma extensão de si própria, particularmente vulnerável. Em contrapartida outro jovem poldro, mesmo que notoriamente parecido, e rejeitado; um comportamento hostil é demonstrado ao estranho; este comportamento, em muitos casos, pode até tomar a forma extrema de agressão.

Em estudos nas zebras das planícies, tem sido registado que durante os primeiros dias depois do parto, a égua, numa postura ameaçadora, expulsa todos os outros membros do grupo que se aproximem a mais de 3 metros do poldro. Incluindo o garanhão da manada.Tem sido aventado que este comportamento está claramente correlacionado com o período crítico em que o poldro imprime a imagem da mãe, com a sua agressividade, a égua evita que o poldro aceite outro animal como mãe.

Alguns dias depois de parir, esta agressividade cessa e todos os membros do grupo podem entrar em contacto com o poldro.É também o que acontece quando se recorre a mães adoptivas como “mães substitutas” para poldros órfãos: se o período crítico da mãe para imprimir já está ultrapassado a adopção e aceitação é mais demorada e o resultado mais duvidoso.Tem havido casos de jovens poldros serem mortos por garanhões tanto entre cavalos domésticos como entre cavalos vivendo em liberdade. Não é muito vulgar, mas quando acontece, são os poldros machos que são mortos; isto sugere que este comportamento possa ser um sistema natural de controle da população e/ou casta. Nos exemplos registados nos cavalos Camargue, os garanhões em causa são cavalos que se juntaram recentemente à manada, e por isso pode ter sido a tentativa de assegurar a transmissão do seu próprio genes à futura população da manada.Poldros mortos pelas mães são extremamente raros, mas tem sido registados entre cavalos domésticos.

O PAPEL DOS SENTIDOS NO RECONHECIMENTO MÃE-POLDRO

As éguas vivendo em liberdade ou domésticas formam uma forte ligação com os seus poldros muito rapidamente depois do parto, e quando separadas, cada um deles pode localizar o outro muito depressa. Sinais vocais parecem ser de primordial importância quando um par égua-poldro procura encontrar-se, a vista e o cheiro têm também um papel chave no seu reconhecimento.

Estudos feitos entre as zebras das planícies demonstram que os padrões individuais das riscas, como complemento do cheiro e voz, são importantes no reconhecimento entre mães e filhos.

COMPORTAMENTOS DE AMAMENTAÇÃO

Os poldros podem começar a mamar muito rapidamente – nalguns casos, 35 minutos após o parto.O comportamento imediatamente anterior ao aleitamento inclui esticar a cabeça e o pescoço ao mesmo tempo que abrem e fecham a boca num movimento lento de abocanhar. Este movimento de abocanhar tem sido registado como um dos primeiros movimentos, feitos pelos recém-nascidos poldros, nalguns minutos a seguir ao nascimento.

O acto de mamar é geralmente iniciado pelo próprio poldro o qual se orienta directamente para o úbere e depois de se posicionar correctamente, começa a dar “cabeçadas” isto é empurra o úbere com o focinho. Frequentemente os poldros andam à volta da mãe ou andam por debaixo do pescoço antes de se aproximarem do úbere.

Vocalização e sacudidelas da cabeça antes de começarem a mamar também é vulgar. Este comportamento característico tem como finalidade avisar a mãe da intenção do poldro e é importante para facilitar o leite a descer até às tetas. Também encoraja a mãe a ficar quieta enquanto o poldro mama. A amamentação, nas primeiras semanas, ocupa a maior parte do tempo das actividades do poldro. É neste período que se registam os picos de amamentação tanto em tempo como em quantidade.

Estes períodos podem durar desde alguns segundos até alguns minutos, dependendo da idade e de padrões de preferência individuais. Porque os períodos de mamar e de dar cabeçadas nas mães, são sobrepostos, aos períodos de alimentação não definidos, identificando os períodos de não amamentação. Por seu lado estes períodos são definidos como intervalos entre os períodos de alimentação.

Chupar as tetas além de servir a função nutritiva, constitui um comportamento de conforto.Os poldros frequentemente vão mamar imediatamente após ter sofrido qualquer perturbação ou manuseamento. Isto pode ser associado também à necessidade de aliviar a ansiedade.As cabeçadas no úbere estimulam a libertação de oxitocina (a hormona responsável pela libertação do leite) da hipófice do cérebro, encorajando a descida do leite e sua ejecção no úbere.

As cabeçadas podem ser dolorosas para a mãe durante certos períodos sensíveis; é o que acontece muitas vezes nas 2/3 primeiras semanas de lactação. Nestes períodos as mães são relutantes em deixar os poldros mamar, às vezes mesmo activamente evitam que eles o façam.As mães têm várias maneiras de ajudar os poldros a mamar. É muito vulgar flexionarem a perna traseira do lado oposto ao lado em que o poldro está a mamar; também mantêm, a perna traseira do lado em que o poldro mama, afastada do corpo e levantada, ou posicionam-se elas próprias com as pernas da frente bem para a frente e as pernas traseiras muito quietas para que o úbere fique bem acessível ao poldro.Caracteristicamente as mães vão ficando menos tolerantes com as actividades de amamentação conforme os poldros vão crescendo, isto pode ser considerado como o início do processo natural de desmame.

Éguas puro-sangue demonstram grande resistência às actividades de amamentação dos seus poldros depois de estes atingirem seis meses de idade, e activamente vão encurtando os períodos de mamar dos poldros, nalguns casos demonstrando evidente comportamento agressivo quando os poldros são muito persistentes.

X