Verão – Manutenção de Cascos Saudáveis
Texto: Dr. Carlos Rosa Santos
Notas sobre Nutrição
No Verão deve-se baixar o nível de carbohidratos na ração a não ser que o trabalho seja intenso e mesmo assim deve-se substituir parte dos cereais por óleos gordos, o que é importante para que os cascos se mantenham saudáveis.
As analises das rações devem incluir durante o Verão os minerais essenciais (cálcio, fósforo, magnésio, potássio, ferro manganésio, cobre e zinco) e deve-se suplementar qualquer carência, especialmente se esta for em magnésio.
A Biotina é uma vitamina essencial para um crescimento saudável dos cascos, necessitando os cavalos de 3mg de biotina por cada 100kg do peso o que totaliza 15mg/dia para um cavalo de 500kg. A suplementação deve ser feita durante um período de 6 a 12 meses. Há outros nutrientes importantes que devem ser pesquisados tais como a metionina, iodo, ácidos gordos e vitamina A.
Verifique se não está a fornecer suplementos a mais ao cavalo quando adiciona suplementos à ração pois esta já contem alguns. Em certos casos justifica-se uma consulta a um médico veterinário ou nutricionista para confirmar que o total de suplementos fornecidos está dentro dos parâmetros normais.
Confira os níveis de proteína, que devem ser de 11% para cavalos em trabalho leve e com algum sangue e até 12 ou 13% para cavalos em trabalho médio ou mais pesado.
Evite a inclusão de melaço pois hoje em dias usam-se óleos para aglutinar os produtos secos em substituição da utilização de melaço. Todos estes cuidados fazem com que os cascos se mantenham fortes e saudáveis e dão mais protecção contra laminites (aguamentos) especialmente se forem combinados com outro tipo de medidas.
“Ranilhas podres” é uma infecção nos sulcos das ranilhas. É o resultado da exposição prolongada a condições ambientais húmidas, má circulação devido a más ferrações (com ou sem ferraduras) e falta de limpeza. Os cascos devem ser limpos pelo menos duas vezes por dia.
Doença da linha branca é uma deterioração (infecção) da parte interior da taipa. A linha branca é uma camada não pigmentada da palma perto do encontro entre a taipa e a palma. Nos estádios iniciais da doença só se nota uma pequena área esfarelada na junção palma/taipa.
A doença da linha branca pode ocorrer num só casco ou em todos e começa com uma separação entre a taipa e a palma. Pode ocorrer em várias zonas do casco tais como a pinça, os quartos ou os talões. Esta separação retira a função protectora palma/taipa. Faz com que bactérias e fungos existentes no meio ambiente consigam penetrar para o interior do casco. Este tipo de microorganismos podem do mesmo modo penetrar através de fissuras, orifícios de cravos ou irregularidades na linha branca.
Os efeitos destrutivos destes microorganismos originam uma deterioração e consequente enfraquecimento da zona interior da taipa.
É importante que o tratamento tópico não cause danos em zonas não afectadas. Por exemplo produtos à base de iodo e água oxigenada fazem mais mal do que bem; produtos como água salgada, borato de sódio e vinagre de maçã tem efeitos benéficos. É aconselhável falar com um ferrador para que este limpe o casco doente na área afectada o que permitirá uma boa penetração do produto utilizado.
Cascos sujeitos a muita humidade, mesmo no Verão estão sempre em risco de fissuras. Especial atenção deve ser dada à higiene das boxes e a zonas húmidas dos pastos.
Nem todo o tipo de untura é aconselhada pois só devem ser usadas as que são impermeáveis à humidade.
Por vezes deve considerar-se a remoção da ferradura, o que não é tão simples como parece pois é obrigatório corrigir-se o equilíbrio do casco e a transição por vezes tem que ser gradual.