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Mestre Luís Valença recebe prémio de Mérito Identitário

A Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira galardoou Luís Valença, mestre nas artes equestres, com o prémio de Mérito Identitário, no ano em que o Centro Equestre da Lezíria Grande faz 40 anos de história.

“É um dos maiores equitadores nacionais e figura icónica do ensino equestre nacional e internacional”. Assim começa a homenagem a Luís Valença, na gala de comemoração do passado dia da cidade de Vila Franca de Xira, que decorreu no Ateneu Artístico Vilafranquense, no 37º aniversário da sua elevação. Na breve biografia dada a conhecer, foi descrito como “o criador de um primeiro projeto de equitação de formação e de utilidade turística no início dos anos 70”.

Foto (c) Bruno Barata

Nascido a 18 maio de 1946 em Lisboa, Luís Filipe Duarte Valença Rodrigues, antes de se dedicar exclusivamente aos cavalos e equitação, frequentou a faculdade de Veterinária. Conta que estava a tirar o seu curso quando se impôs o serviço militar, o que veio de alguma maneira inviabilizar estes planos. Após esse período casou, e começou a ter mais responsabilidades, como ganhar sustento para a sua nova família, pelo que o curso nunca mais foi uma prioridade.

Apesar deste percalço, construiu, ao longo de 60 anos, uma carreira invejável no mundo equestre. Tal como podemos ler na sua página pessoal, iniciou a prática de equitação em 1951, no Picadeiro das Amoreiras de José Mota. Aí recebeu as primeiras lições de Emílio Mota e, mais tarde, na Escola de Equitação do extinto Colégio Infante de Sagres, propriedade de seu padrinho, Fernando Ralão, a pessoa que mais o influenciou e ajudou na escolha de tão “apaixonante profissão”.

Depois, entre outros ilustres, teve a oportunidade e “privilégio de receber classes do último Picador Real, D. José Manuel da Cunha Menezes”, o que quase faz antever o seu percurso ao longo de seis décadas.

Reconhece-se como “uma pessoa de trabalho” e passou, até criar a o seu próprio espaço de ensino, por inúmeros picadeiros, que o levaram a conhecer várias zonas do país, bem como a viajar para Espanha continental, e ilhas Canárias, “onde demonstrou e divulgou as características do cavalo lusitano.”

Luís Valença tem a paixão pelos cavalos no sangue. Quando fizemos esta entrevista, confidenciou com entusiasmo que estava a 60 quilómetros de casa a ver um cavalo novo, ou poldro (equino com menos de um ano de idade), e a euforia na sua voz mais parecia a de uma criança a abrir presentes na noite de Natal.

Diz que o que faz é “ser psicólogo de cavalos” referindo-se à arte de adestramento e ensino de equinos, como por exemplo para Dressage, e conta-nos que há 70 anos o cavalo era usado em tudo, desde carruagens, à caça, e ao exército. O que Luís Valença faz sobretudo, neste momento, é preservar a raça lusitana, e não deixar morrer esta arte, ensinando alunos de diversas idades e nacionalidades a montar, e preparando os cavalos e participando em espetáculos nacionais e internacionais de arte equestre.

Fonte: Sílvia Carvalho d’Almeida in Valor Local

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