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Novo tratamento para Asma nos Cavalos

Texto: Dr. Henrique Cruz.

Os investigadores da Universidade de Tufts (Cummings EUA) estão a estudar o efeito de um medicamento no tratamento da asma nos equinos.

Tal como nos humanos, os cavalos são particularmente propensos a crises de asma, uma doença alérgica que afecta o sistema respiratório e que é difícil de tratar. Também conhecida por “pulmoeira” esta doença é caracterizada por dificuldade em respirar devido à contracção do músculo liso que rodeia as vias respiratórias. Além disso a inflamação associada à reacção alérgica causa uma produção excessiva de muco que também contribui para obstruir as vias respiratórias, podendo causar tosse. Esta dificuldade em respirar por obstrução das vias respiratórias faz com que os cavalos afectados tenham um esforço respiratório e por conseguinte tenham de utilizar os músculos da parede abdominal para respirar em casos avançados da doença.

O tratamento baseia-se em duas frentes:

1. Broncodilatadores. Relaxam o músculo liso permitindo a dilatação das vias respiratórias. As principais desvantagens são o custo e o facto dos cavalos (e humanos) desenvolverem tolerância a estes medicamentos que perdem assim o efeito clínico desejado.

2. Corticosteróides. Reduzem o processo inflamatório que despoleta o ataque de asma e são parte essencial do tratamento em ataques agudos de asma. A utilização destes medicamentos por via sistémica deve ser evitada em cavalos propensos a laminites ou com diabetes.

Tanto os corticosteróides como os broncodilatadores podem ser administrados por via sistémica (oral ou injectável) ou tópica (directamente nas vias respiratórias) através da utilização de nebulizadores ou bombas de inalação. Contudo estes medicamentos são bastante caros pelo que o tratamento se torna dispendioso, principalmente em casos crónicos ou recorrentes.

Baseados num estudo realizado em humanos que investigava o efeito dum anestésico local, a lidocaína, no tratamento de pessoas com asma, e que mostrou uma resposta favorável, os investigadores de Tufts decidiram avaliar o efeito deste medicamento em cavalos com asma.

Para um estudo inicial foram seleccionados 7 cavalos com asma. A cada um dos animais foi aleatoriamente atribuído um tratamento com lidocaína ou um placebo (soro fisiológico) administrados por via inalatória através de um nebulizador (adaptado a uma mascára). O protocolo consistia na administração 2 vezes por dia durante 15 dias. No início e no fim do tratamento os investigadores realizaram uma série de testes incluindo tolerância ao exercício, função pulmonar e citologia das vias respiratórias, de modo a avaliar uma eventual resposta ao tratamento.

Nem os investigadores nem os proprietários tinham conhecimento quais cavalos recebiam lidocaína ou placebo. Durante o estudo, 2 cavalos pioraram e 5 melhoraram. Estes últimos tinham todos recebido lidocaína.

Foi então concebido um segundo estudo, ainda em curso, no qual os mesmos animais receberam aleatoriamente lidocaína ou um corticosteróide. Deste modo, por questões humanitárias, não se esperava que nenhum cavalo pudesse piorar. Resultados preliminares sugerem que cavalos que não tinham previamente respondido ao tratamento sistémico com corticosteróides responderam agora favoravelmente ao tratamento com lidocaína por via inalatória. Este estudo, está de momento em fase de conclusão e espera-se que os resultados oficiais sejam publicados brevemente.

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