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O que diz o cavalo com o corpo ?

O porte de um cavalo revela muito sobre o seu estado de espírito. De um modo geral, quanto mais elevado for o porte, mais excitado está o animal. À medida que a excitação aumenta, todo o corpo parece crescer e tornar-se mais imponente. A cabeça mantém-se erguida e a cauda está orgulhosamente levantada. Por outro lado, quando a excitação diminui e ele está sonolento, enfastiado ou submisso, a cabeça e cauda pendem, o corpo verga-se, o que faz o animal parecer mais pequeno. Esta manifestação vertical – do animal cheio de vida – é compreendida claramente pelos seus companheiros, que reagem de modo adequado. Ela faz parte da linguagem corporal dos cavalos, e é utilizada sempre que se encontram.

Esta norma vertical é quebrada apenas quando o grau de excitação atinge um ponto em que eles partem a galope. Então, as exigências físicas da locomoção a alta velocidade forçam o corpo do cavalo a uma postura mais esguia e horizontal, apesar do elevado grau de excitação. Para além da tonicidade muscular, existem três mensagens corporais que podem ser lidas com facilidade. São elas a repressão com o corpo, o empurrão com o ombro e a apresentação da garupa. A repressão com o corpo é utilizada por um animal dominador que deseja impedir os movimentos de um rival. É uma forma de ameaça que diz «Aqui mando eu». O animal que intimida coloca o corpo em frente do outro, em sentido perpendicular, e impede-o de avançar. Isto coloca este último animal num dilema. Ou reage ao desafio e tenta forçar o caminho para avançar, ou deixa-se dominar, virando-se e ficando humildemente onde está, ou voltando para trás e indo-se embora. Nesta situação, se recuar, está a admitir a derrota e a reconhecer que o outro cavalo é superior. Isto porque o acto de se afastar é uma mensagem específica utilizada por cavalos quando lutam. O movimento do cavalo que reprime forçando o rival a enfrentá-lo ou a declarar activamente a sua inferioridade é, portanto uma maneira conveniente de reforçar o seu estatuto no grupo sem ter de recorrer a lutas perigosas.

O empurrão com o ombro é uma versão mais activa de repressão com o corpo; o animal que ameça vai mais longe na manifestação visual, tocando no rival e empurrando-o. Uma das razões porque há tantas objecções e inquéritos nos hipódromos é que, se um jóquei incitar deliberadamente o seu cavalo a empurrar um cavalo rival com o ombro, este último não só vê o seu caminho obstruído, como se sente psicologicamente intimidado. No pólo equestre, esse mesmo movimento é utilizado deliberadamente como parte aceitável do desporto, sendo considerado um bom pónei para o pólo aquele que está sempre disposto a empurrar os outros póneis.

A apresentação da garupa é utilizada como uma manifestação defensiva. O cavalo em causa apenas se volta, de modo a oferecer um coice. Esta é uma forma de ameaça e diz: «Se não deixares de me aborrecer, dou-te um coice». Tem origem na colocação do corpo em posição de dar coices e actua como aviso de um possível ataque. Os outros cavalos aprendem rapidamente a reconhecer estas etapas preparatórias de acção e reagem a elas, sem esperarem pelo resto do movimento.

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