Mafalda Galiza Mendes, de 18 anos, brilhou nas pistas do Circuito do Sol em Espanha, em 2009, tendo alcançado nove primeiros lugares e notas superiores a 70%.
Por cá, a nº 1 do Ranking Nacional já foi seis vezes Medalha de Ouro e ainda ficou classificada em 6º lugar no Campeonato da Europa para Jovens Cavaleiros em 2008. Infelizmente, no recente Campeonato Nacional de Dressage para Jovens Cavaleiros em Reguengos de Monsaraz, por falta de participantes neste escalão, perdeu a oportunidade de sagrar-se Campeã de Portugal 2009. Mesmo assim, a jovem amazona, merece um destaque muito especial no Portal Equisport pois para nós, Mafalda é a nossa Campeã Nacional de Dressage (Jovens Cavaleiros) 2009.
EQ: Quando e onde começou a montar? Quem foram os seus primeiros professores?
MGM: Sempre me conheci a cavalo. Tenho fotografias com 6 meses ao colo do meu pai numa égua ferro da nossa casa chamada Sammy. Iniciei-me à guia, em volteio entre os 2 e 3 anos em póneis seguindo depois para cavalos. Com os póneis fazia atrelagem, saltos e ensino. Com 9 anos com a ajuda do meu treinador, Francisco Cancella de Abreu, e do meu pai comecei a fazer as primeiras provas de Dressage num cavalo chamado Gitanne. O meu primeiro estágio, tinha eu 10 anos, foi com o Daniel Pinto, tendo também tido estágios com o Rick Klassen, Mariette Withages, Kyra Kyrklund entre outros, a quem sempre fiquei grata pelos ensinamentos transmitidos.
EQ: Como surgiu a sua relação com o meio equestre e a partir de que momento percebeu que se identificaria tanto com o desporto hípico?
MGM: A ligação com os cavalos é algo que ascende há cinco gerações logo nunca senti uma adaptação pois sempre estive inserida no meio equestre. A minha paixão pelos cavalos sempre existiu e foi evoluindo conforme a idade e os resultados obtidos.
EQ: Quais foram os seus principais incentivadores no início e como essas pessoas a influenciaram ou influenciam até hoje?
MGM: O meu principal incentivador foi o meu pai conjuntamente com toda a família mais próxima, apoio esse que permanece hoje com o mesmo empenho e ambição com que começou.
EQ: Qual foi o seu primeiro título ou resultado que a marcou? Conte como foi.
MGM: O primeiro resultado que me marcou foi num concurso no Hipódromo da Anadia tinha eu 10 anos em que montei pela primeira vez o Ne- Opus, sem saber que me tinha sido oferecido pelo Sr. José Manuel de Mello, onde ganhei os três dias de provas francamente concorridos.
EQ: Quais foram os seus primeiros cavalos e como é que eles a ajudaram no início da carreira? O que representaram eles para si?
MGM: Tive vários cavalos e póneis e todos eles no momento certo tiveram o seu contributo. Os que mais me recordo são a Sammy, o Gitanne, o Speedy Gonsalez, a Diana de Montaigou, o Pinóquio, o Ne-Opus, o Jardim, o Rehedição, o Owni e o Luderitz. E os com que actualmente faço provas são o D’ Artagnan, em Dressage, e o Violino, em Obstáculos.
EQ: Quais foram os seus ídolos no início?
MGM: Nunca tive nenhum ídolo em especial. Segui sempre os princípios “maison” com o grande apoio do meu treinador de sempre, Francisco Cancella de Abreu.
EQ: Com os seus vários bons resultados no circuito nacional, qual foi o momento inesquecível que viveu no hipismo recentemente? Conte como foi.
MGM: Tenho várias vitórias de que muito me orgulho, umas menos recentes como a Taça de Portugal de St.George em 2003, Taça de Portugal Grande Prémio em 2006, Campeã em 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2008. E também uma vitória no segundo dia da Taça da Juventude de obstáculos em Coimbra no escalão de Juniores, sendo talvez este um momento dos mais emocionantes dado ter sido uma prova muito disputada e não estar a contar com a vitória.
EQ: Qual foi o momento mais difícil que já viveu neste desporto e por quê?
MGM: Foi recentemente. Um ruído assustou no D’Artagnan que fugiu ao colocar a cabeçada. Apanhei o maior susto da minha vida. Felizmente tudo terminou bem, umas calças rasgadas, joelhos esfolados mas o meu cavalo intacto.
EQ: Quais os cavalos que monta hoje? Desses cavalos, em qual apostaria mais e por quê?
MGM: No momento presente tenho como único cavalo o D’ Artagnan em quem deposito todo o meu trabalho e todas as esperanças.
EQ: Qual a intensidade de treino necessário para se chegar ao nível de Grande Prémio?
MFG: A intensidade de trabalho necessária para se chegar a GP é a mesma para qualquer outro grau dado que sem empenho não se sobem as escadas para atingir o mais alto nível.
EQ: A Mafalda se tivesse de escolher, optaria por cavalo Lusitano ou por um Warmblood, ou seja, uma das raças alemãs de cavalos de desporto? E porquê?
MGM: Os meus inícios no Ensino sempre foram com cavalos Lusitanos. Fiz três Campeonatos da Europa com Lusitanos em que me orgulho dos resultados obtidos. Não posso deixar de ver os Warmblood como cavalos mais dotados para uma modalidade que para si foi criada contudo a conduta na criação de Lusitanos tudo leva a que se torne uma raça competitiva na modalidade.
EQ: É possível que alguém não tenha “nascido” no meio do mundo equestre e que não faça disso a sua profissão, seja competitiva hoje em dia?
MGM: Sim, é possível! Terá de ter todo um apoio profissional e pessoal envolvente para colmatar as faltas de uma falta de integração no meio, mas como em quase tudo na vida ‘querer é poder’.
EQ: Que cavaleiros internacionais a Mafalda vê como exemplos a seguir?
MGM: Observo atentamente os cavaleiros a alto nível, admiro muitos como a Anky, Isabel Werth, Kyra Kyrklund contudo tento impor o meu próprio estilo.
EQ: Se pudesse escolher um cavalo qualquer de qualquer cavaleiro internacional, que cavalo escolheria e porquê?
MGM: Escolheria a Matiné, uma égua com 12 anos montada pelo dinamarquês Andreas Helgstrand, pelos seus fantásticos andamentos.
EQ: Parece-lhe que em Portugal a disciplina de Ensino deveria ser mais popular?
MGM: Com certeza que sim. Embora venha a aumentar o número de participantes e audiência a cada ano que passa, esta modalidade necessitava de maior divulgação a nível órgãos de informação.
EQ: Que sugestões dá para que a disciplina de Ensino/ Dressage seja mais popular em Portugal?
MGM: Creio que deverá haver um maior empenho das organizações e da própria FEP na divulgação das provas aos meios de comunicaçao dos eventos nacionais, internacionais e os seus respectivos resultados.
EQ: A Mafalda é apologista de que os arreios têm que ser à medida do cavalo e do cavaleiro?
MGM: É algo que cientificamente respeito mas na prática nunca consegui observar um resultado superior ao normal. Já presenciei situações de arreio à medida para cavalo e cavaleiro a não funcionar minimamente, contudo é algo que se feito correctamente deverá ter saldo positivo.
EQ: Qual é a sensação de ter atingido os objectivos propostos? E quais são os novos objectivos traçados para o futuro?
MGM: Atingir os objectivos propostos é desde logo uma realização e uma segurança de que estamos a fazer o trabalho certo, o que me deixa muito feliz. Para o futuro as ambições não têm limites e os projectos são ao mais alto nível.
PERFIL
• Nome: Mafalda Galiza Mendes
• Data de Nascimento: 13/09/1990
• Local de Nascimento: Porto
• Profissão: Estudante
• Um ídolo: Não tenho
• Um hobby: Cavalos
• Signo: Virgem
• Uma Qualidade: Dedicação
• Um defeito: Perfeccionista, teimosa
• Um livro: Baunilha e Chocolate
• Um filme: Austrália
• Uma actriz: Catherine Zeta Jones
• Um actor: Paul Walker
• Um estilo de música: Todo o tipo de música
• Um cantor ou banda: Jason Mraz
• Um carro: BMW X5
• Uma viagem inesquecível: Campeonato da Europa na Alemanha
• Um lugar que gostaria de conhecer: Bora Bora
• Uma comida: Caril de camarão
• Uma mania: Andar sempre com os meus cães atrás.