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Posição e ajudas para melhorar a sua segurança

Todo o cavaleiro minimamente experiente, traz na sua memória uma coleção de quedas.

Algumas engraçadas, algumas espetaculares, outras nem tanto. Em geral, quedas a cavalo podem ser dolorosas, causar fraturas, mas na maioria das vezes, sem gravidade.

Infelizmente, nem sempre é assim. Existe um tipo de queda que, com muita frequência, gera danos graves. Esta queda chama-se rotacional. É o tipo de queda que causa ferimentos graves ao cavaleiro e também ao cavalo, nomeadamente na parte cervical da coluna vertebral do cavalo.

Este tipo de acidente começa quando o cavalo tropeça com um dos membros anteriores. Sem conseguir reestabelecer o equilíbrio, cai sobre seu próprio peito e lança o cavaleiro à sua frente. O cavalo dá, dependendo da sua velocidade e não voluntariamente, uma cambalhota e muitas vezes rola sobre o cavaleiro. As consequências podem ser trágicas, apesar do uso de equipamentos de segurança.

Estão sujeitos a este tipo de ocorrência cavalos de todos os tipos, raças e modalidades desportivas. Cavalos de lazer, de resistência equestre, de alta performance ou de baixo rendimento. Basta um desequilíbrio momentâneo, um pequeno desnível no piso, um pisar em falso ou qualquer outro fator.

Para podermos lidar com esta situação é necessário conhecermos os nossos reflexos naturais e analisarmos como isso afeta a interação de forças envolvidas e, no final, condicionarmo-nos a reações que, como veremos, são contraintuitivas.

Numa queda rotacional, o reflexo natural do ser humano, ao perceber que o cavalo está a cair, é agarrar as rédeas e avançar o peito. Temos o reflexo de tentar evitar que o cavalo caia puxando as rédeas…. Ao tropeçar e perder o apoio nos anteriores, e ao bater com o peito no chão, naturalmente o cavalo avançaria o queixo já durante a queda, evitando a rotação do seu corpo sobre si. Ato contínuo usaria também a musculatura inferior do pescoço para ajudar a erguer a sua cernelha e levantar-se.

Entretanto, com o cavaleiro a puxar as rédeas para trás, o cavalo fica impedido de avançar o pescoço e então, pela limitação física dada pelas rédeas, passa o nariz para trás da vertical e “encapota”. Quando cai para a frente nessa posição de pescoço curto, as possibilidades de reestabelecer o seu equilíbrio estão comprometidas e a cambalhota é uma consequência mecânica que só depende da velocidade para se tornar inevitável. A força que o cavaleiro aplica às rédeas e a sua posição arqueada adiante projetam-no para frente, adiantando o centro de gravidade do conjunto fazendo-o cair à frente do cavalo, numa posição extremamente vulnerável e situando-o no trajeto de queda do seu cavalo. Para o cavalo, por sua vez, a hiperflexão da nuca e o amassamento da base do pescoço podem causar lesões de gravidade bastante considerável nessas regiões sob forma de fraturas, lesões de ligamentos entre outros.

A prevenção desse tipo de acidente consiste em dois pontos fundamentais e infelizmente totalmente antinaturais para o cavaleiro.

*Em caso de perda de sustentação do antemão do cavalo, soltar as rédeas. Isso vai possibilitar o avanço da cabeça e do queixo do cavalo evitando, assim, que o cavalo caia sobre si dando a cambalhota. Temos que nos condicionar a não tentar levantar o cavalo com as rédeas. Isso é impossível.

**percebendo qualquer perda de equilíbrio, o cavaleiro deve tentar manter uma posição um pouco inclinada para trás e esperar que o cavalo se reequilibre sem antecipar a queda projetando-se para a frente. Por mais antinatural para o cavaleiro que seja essa situação, consiste na melhor oportunidade para o cavalo se levantar e, principalmente, sem que o cavaleiro tenha caído à sua frente.

“Long story short” o binômio ao “soltar as rédeas e inclinar-se para trás”, no limite, pode salvar vidas.

É um procedimento antinatural, mas, por isso mesmo, precisa de ser ensinado e mentalizado. Devemos encarar este assunto como elemento prioritário na instrução de segurança desde sempre para qualquer disciplina equestre universal.

Texto: Andre Ganc
Imagens: Jordan Banks

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