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PUB: Prevenção e Tratamento Adequado a cada Lesão

As terapias conservadoras são de grande importância para garantir uma vida desportiva o mais prolongada possível, em ótimo estado físico.

É muito importante conhecer e adaptar o protocolo preventivo à morfologia de cada cavalo, em função do tipo de esforço físico que se realiza em cada caso, para podermos antecipar-nos aos problemas que podem surgir. A prevenção requer mais dedicação mas, uma vez que apareça a lesão definitiva, o tratamento geralmente sairá mais caro e duradouro ou estaremos perante o fim da vida desportiva do animal.

As patologias musculoesqueléticas mais frequentes são as seguintes:

• Síndrome Podotroclear ou Navicular:

Patologia geralmente bilateral caracterizada por claudição progressiva, crónica, uni ou bilateral dos membros anteriores e de etiologia complexa por estarem implicadas várias estruturas do interior do casco.
Um mau aprumo ou ferragem podem predispor para ao seu aparecimento, afetando principalmente cavalos com talões baixos e/ou pinças compridas.
O seu tratamento baseia-se em ferragens corretivas, controlo da dor, controlo da inflamação e da vasodilatação periférica. Não se pode curar, mas é possível atrasar ou parar o desenvolvimento. É uma lesão frequente em cavalos de concurso completo e salto.

• Osteoartrite Osteoartrose:

A Osteoartrite é uma patologia que afeta principalmente a cartilagem, que irá degenerar progressivamente levando a uma osteoartrose com destruição completa da cartilagem, seguir-se-à a dor durante muito tempo até que se forme uma anquilose com impossibilidade de movimento total da articulação.
A artrose na articulação do joelho, na articulação tarsocrural, no ombro, no cotovelo e no boleto apresentam um mau prognóstico desportivo. O seu tratamento baseia-se no controlo da dor com o uso de anti-inflamatórios sistémicos e/ou locais e condroprotetores.

• Desmite:

A Desmite é a inflamação de um ou vários ligamentos.
Uma conformação reta de tarsos em cavalos de adestramento predispõe a muitas lesões do ligamento suspensor.
Uma laceração total requer repouso total com gesso. Pelo contrário, numa laceração parcial, o cavalo deve mover-se de forma controlada. O controlo da inflamação à base de anti-inflamatórios locais e sistémicos é fundamental para uma boa cicatrização da lesão, crioterapia, ligaduras de compressão e ferragens corretivas.

• Tendinite:

A tendinite é a inflamação de um ou vários tendões causada por um golpe ou um sobre-esforço. O seu tratamento mais conservador consiste em bandagens compressivas, anti-inflamatórios, repouso e exercício controlado. O objetivo é reduzir a inflamação, estimular a síntese de colagénio e conseguir melhorar a qualidade do tecido cicatricial para que as fibras de colagénio se disponham da forma mais ordenada possível.
A probabilidade de voltar a lesionar-se é alta, uma vez que a cicatriz tendinosa é pouco elástica.

• OCD (Osteocondrite Dissecante):

Trata-se de uma falha na ossificação da cartilagem articular que afeta normalmente os cavalos jovens em crescimento e de forma bilateral. Observa-se distensão sinovial mas nem sempre provoca claudicação.
Observa-se mais frequentemente nas articulações tarsocrural e do boleto. A sua etiologia pode estar relacionada com fatores nutricionais, hereditários, biomecânicos, endócrinos e aporte sanguíneo escasso à cartilagem em crescimento.
Em cavalos jovens deve-se esperar pelo menos até aos nove meses para ter um diagnóstico definitivo porque alguns fragmentos desprendidos podem acabar por se consolidarem. Além disso, não se deve fazer artroscopia antes de surgirem sinais clínicos.

• LAMINITE:

Doença metabólica complexa, muito dolorosa, que afeta o pé do cavalo com implicação frequente do terço anterior. Produz-se uma interrupção vascular até ás lâminas do casco, que unem a parede do casco com a falange distal. A inflamação debilita as lâminas e interfere nesta união.
Os animais mais frequentemente afetados são geralmente póneis, raças pesadas, cavalos com sobrepeso ou éguas gestantes.
As causas são variáveis e levam a claudicação e até mesmo resistência a caminhar. O tratamento baseia-se num maneio adequado da alimentação, anti-inflamatórios, anti-endotóxicos, crioterapia, colocação de gesso e ferragens corretivas.

• DEFORMIDADES ANGULARES / FLEXURAIS:

A deformação angular é um desvio lateral (valgus) ou medial (varus) dos membros. O carpo valgo é o desvio mais frequente, embora seja necessário ter em conta que é uma conformação normal em muitos potros, que se resolve sem tratamento e não causa problemas. O carpo varo, pelo contrário, requer um tratamento com bandagens, ferragens corretivas e até mesmo tratamento cirúrgico para ser corrigido.
A deformidade flexural ou “retração dos tendões” implica a impossibilidade de extender por completo os membros afetados. A hiperflexão de uma região anatómica deve-se à desigualdade entre a longitude dos ossos afetados e as estruturas musculo-tendinosas unidas a eles. Normalmente estão implicados os tendões flexores digitais superficial e profundo e o seu tratamento pode ser mais ou menos conservador, em função da idade do potro.

Noelia Zamorano, Médica Veterinária.

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