Tendo nascido numa quinta em Rheinberg, (Alemanha) Isabell Werth, de 38 anos de idade, começou a montar muito cedo.
Entrou em competições até ao nível de principiante como júnior e só se especializou em dressage quando começou a montar para o Dr. Schulten-Baumer aos 18 anos. Isabel disputou o seu primeiro Grande Prémio com um cavalo de 18 anos chamado Madras e ganhou o seu primeiro lugar numa equipa alemã de séniores montando Weingart em 1989.Isabell já treinou vários cavalos de Grande Prémio e os seus feitos individuais incluem o titulo europeu que ganhou oito vezes, as Medalhas de Prata nos J.E.M. de Haia (1994) e de Bronze em Roma (1998), a medalha de prata em Barcelona em 1992, ouro em Atlanta (1996), prata em Sidney (2000) e por último o título Mundial em Las Vegas 2007.
Cavaleira de classe mundial, Isabell é conhecida pela maneira descontraída com que encara os seus treinos.”Não treino exercícios específicos todos os dias, umas vezes não me apetece fazê-lo, outras o cavalo não está com disposição para o fazer. Ocasionalmente, saltamos um ou dois cavaletes, e de vez em quando fazemos um galope curto com o arreio de obstáculos e rédeas compridas para que o cavalo possa relaxar e desgastar as suas energias.”
Isabell monta oito cavalos por dia, sem contar com as segundas-feiras em que os cavalos são, ou passados à guia no picadeiro ou passeiam à mão. A instrução propriamente dita ocupa 20-30 minutos da sessão e é feita antes ou depois do cavalo ser levado a passear. Em geral, cada cavalo está fora das boxes durante uma hora. Além disso os cavalos de Grande Prémio são levados a passeio por mais meia hora extra para conseguirem melhores condições físicas.”As saídas para o campo dependem das condições do tempo e do programa das provas, ” diz Isabell. “Não temos uma floresta, por isso estamos limitados aos cercados e estradas.”
CONDIÇÕES PARA GANHAR
Andamentos e atitude são dois factores que Isabell considera de primordial importância ao escolher um cavalo para dressage. “Tem que ter três andamentos que sobressaiam e devem deixar-se montar com facilidade – devem querer agradar e mostrar que apreciam o seu trabalho.”Um dos passatempos favoritos de Isabell é montar cavalos jovens e gosta particularmente de os acompanha na subida no ranking. ”
Não levamos o cavalos de três anos a competir, os de quatro anos entram em competições entre uma a três vezes por ano para que eles vão tomando conhecimento com o que por lá se passa e gosto de ver as suas reacções.Levamos os cavalos de seis a sete anos às grandes competições, três ou quatro vezes para lhes ensinar a descontrair em ambientes novos, nos camiões etc. Uma vez que um cavalo de seis ou sete anos conheça todos os movimentos, experimento-o em provas de nível médio. Levo às vezes um ano, ou mais, até chegarmos a este dia. Nesta altura levo-os aos pequenos circuitos e normalmente só uma vez por época porque gosto que eles se acostumem a provas mais difíceis, para que não comecem a ficar confusos.”
MONTAR E PRATICAR
De acordo com Isabell, cavaleiros que tenham apenas um cavalo e que vão só a algumas provas ficam em grande desvantagem. Embora não se possa simular uma competição, pode-se praticar. O conselho da amazona olímpica, é montar e praticar todos os movimentos sem se empenhar demais, p.ex. fazer um trote alargado através da diagonal: Não está a tentar conseguir uma prova perfeita mas gravando o caminho da prova na sua memória o que torna tudo mais fácil. “Não terá que pensar no que vai fazer a seguir – já sabe o caminho.”
Isto não significa que pratique a prova todos os dias, mas deve montar perfazendo-a uma ou duas vezes por semana: “É melhor do que montar e praticar cada movimento individualmente, porque é preciso estar habituado aos movimentos em sequência e rapidamente.Não castigue o cavalo por um erro cometido nesta altura porque ele ficará nervoso. Se o cavalo comete um erro, tal como atrasar-se na passagem de mão limite-se a continuar, porque se ele se assustar, o mais natural será que cometa ainda mais erros. A finalidade é conseguir que o cavalo se descontraía e execute a prova com desembaraço.
Muitas vezes os cavalos perdem impulso quando fazem o piaffé e temos que ser muito rápidos para corrigir isso – é uma questão de prática. Às vezes há a tendência de se ser cauteloso demais – ou não confiar em si próprio ou não confiar no cavalo. Isto não quer dizer que se deixe o cavalo fazer tudo o que lhe apetecer. Por vezes tem que se retirar um cavalo, mas lembre-se sempre de parar e não ser injusto – volte ao princípio.
AQUECIMENTO
Encontrar a formula certa para se ter a certeza que um cavalo está aquecido, mas não demais, é uma questão de experimentar e ir corrigindo.”Nós geralmente montamos um cavalo de manhã, praticamos alguns movimentos o suficiente para os ajustar uns aos outros e depois saímos com ele um pouco antes da prova. Os cavalos têm reacções diferentes nas provas e temos de encontrar o método certo para cada cavalo, individualmente.”
PROBLEMAS
Embora Isabell acredite que se deve trabalhar a fim de melhorar as fraquezas do cavalo, ela recomenda que não se trabalhe só sobre os problemas. Isabell pensa que o erro mais frequentemente cometido pelos cavaleiros é corrigir o cavalo quando ele está cansado, o que o faz perder o entusiasmo.”Nesse momento deve-se parar, senão o cavalo ficará irascível, com cãibras musculares, e nada do que fizer resultará.”
CLASSIFICAÇÕES
Exactidão é vital para se obter altas classificações e Isabell admite ficar muito aborrecida com ela própria quando não ganha um oito pela descida pela linha central e saudação.”Isto significa que começámos com um problema e isto conta tanto como um piaffé.”A pirueta é outro movimento onde a classificação pode ser sacrificada: “Quando se volta a andar, depois da pirueta, automaticamente faz-se uma pausa, quando devia ter continuado sem essa pausa. Ou fez o movimento grande demais ou a cabeça do cavalo está inclinada porque não estamos a andar para diante.”Depois há ainda as marchas laterais – aqui a inexactidão pode sair-lhe muito cara. “Muitas vezes vimos os cavaleiros começarem marchas laterais três metros antes do marcador.”Isabell atribui estes erros ao cavaleiro. “Numa passagem de mão se o cavalo está atrasado é porque o cavaleiro fez um erro. é nestes momento que precisamos de ter os olhos no chão.”
OBSERVE E APRENDA
Isabell é uma grande defensora do sistema aprenda, observando outras pessoas a montar: “Numa competição vou ver os cavaleiros a fazer o aquecimento para ver como é que eles se estão a comportar.É também muito útil ver as grandes equipas de cavaleiros/treinadores, mas Isabell acredita que desenvolver o seu próprio estilo é vital: “Uma cópia nunca é tão boa quanto o original.”