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Estudo revela que não existem cavalos selvagens no planeta (VÍDEO)

Pouco se sabia sobre a domesticação dos cavalos, mas os cientistas acreditavam que os cavalos modernos seriam descendentes dos mais antigos cavalos domesticados conhecidos. Os resultados da análise do genoma dos cavalos de várias épocas trouxe, no entanto, uma surpresa. Na verdade, duas. Nem os cavalos modernos descendem desses primeiros cavalos domesticados, nem o cavalo de Przewalski — tido como o último verdadeiro cavalo selvagem do mundo — o é na verdade. Os resultados foram publicados esta quinta-feira na revista Science.

O povo Botai é, à data, o povo mais antigo a domesticar cavalos, há cerca de 5.500 anos. Este povo, que viveu na região onde hoje se localiza o Cazaquistão, mudou subitamente de caçadores-recoletores nómadas para criadores de cavalos em grandes povoamentos sedentários. Prova disso são as ferramentas encontradas no local, associadas ao aproveitamento da pele e carne dos animais, aos currais para guardar os animais, aos inúmeros ossos de cavalo enterrados e aos vasos de cerâmica com vestígios de gordura de leite de égua.

Naturalmente que os cavalos do povo Botai, enquanto cavalos domesticados mais antigos de que se tem conhecimento, eram bons candidatos a serem ancestrais dos cavalos domésticos modernos. Mas o genoma dos cavalos analisados, no máximo com quatro mil anos, mostraram que não há relação com os cavalos de Botai. Quer dizer que, nos últimos cinco mil anos, um ou mais grupos de cavalos domesticados em um ou vários locais terá dado origem aos cavalos modernos. O problema é que não existe material genético dessa altura para que possa ser feita a comparação.

Para chegar a esta conclusão a equipa internacional analisou o genoma de 20 cavalos antigos, recuperados dos locais arqueológicos relacionados com o povo Botai, e o genoma de 22 cavalos de localizações na Europa e Ásia. Estes genomas foram comparados com os genomas já anteriormente publicados de 18 cavalos antigos e 28 cavalos modernos.

O que os investigadores não esperavam era que os mais antigos cavalos domésticos fossem os ancestrais dos cavalos de Przewalski, tidos como os últimos cavalos selvagens do mundo. Assim, os cavalos de Przewalski passam a ser considerados cavalos assilvestrados — que readquiriram características selvagens depois de terem sido domesticados — tal como os mustangues, cavalos assilvestrados norte-americanos descendentes de cavalos domésticos europeus levados durante a colonização.

Os cavalos de Przewalski, que viviam nas estepes da Ásia central, foram considerados extintos na natureza em 1969. Todos os indivíduos que existem hoje em dia — cerca de dois mil — descendem de 15 animais que tinham sido capturados no início do século XX. Numa tentativa de recuperar esta espécie, os animais têm sido reproduzidos e reintroduzidos nas estepes euroasiáticas que ocupavam originalmente.

“Ironicamente, pensávamos que devíamos proteger a população ameaçada de cavalos de Przewalski por serem os últimos cavalos selvagens do planeta. Agora descobrimos que devem ser preservados por serem o descendente mais próximo dos mais antigos cavalos domésticos”, disse Charleen Gaunitz, investigadora no Museu Nacional de História Natural da Dinamarca e primeira autora do artigo.

Fonte: Observador /  National Geographic

 

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