Faleceu António Badajoz, lenda da tauromaquia portuguesa
António Badajoz, considerado um dos melhores bandarilheiros portugueses de todos os tempos, faleceu na passada sexta-feira (24) aos 99 anos em Coruche (Santarém), indicaram num comunicado conjunto a Federação Portuguesa de Tauromaquia e associação ProToiro, que o consideram uma “lenda”.
Segundo o comunicado, que não adianta as razões do óbito, “António Badajoz”, nome artístico de António Pereira Cipriano, nasceu em Coruche a 22 de setembro de 1922, tendo aprendido a arte com Francisco Susana, na mesma vila, chegando a profissional na Praça de Touros do Campo Pequeno, a 09 de setembro de 1949, data da alternativa concedida por Manuel Segarra.
“A ProToiro, e as associações que a compõem, vêm por este meio manifestar a sua profunda consternação pela morte do bandarilheiro António Badajoz, uma lenda da tauromaquia que faleceu hoje em Coruche aos 99 anos”, lê-se no comunicado.
Para Nuno Pardal, presidente da Associação Nacional de Toureiros (ANT), “Portugal perdeu hoje um símbolo da tauromaquia, um grande ‘Maestro de Prata'”.
“António Badajoz tinha uma sensibilidade e um conhecimento profundo do toiro como muito poucos. Foi um génio que influenciou gerações. Pessoalmente, perco um amigo, um mestre, a pessoa que mais me marcou no meu trajeto de cavaleiro tauromáquico”, sublinhou Nuno Pardal.
“Foi um sábio do toureio que difundiu o seu enorme conhecimento do toiro e do toureio por diversas gerações de ganadeiros, cavaleiros, matadores e bandarilheiros. A sua obra e exemplo ficarão marcados para sempre na história da cultura tauromáquica portuguesa”, frisou, por seu lado, o presidente da ProToiro, João Santos Andrade.
O bandarilheiro, já como profissional, ensinou esta arte ao seu irmão mais novo, Manuel Cipriano “Badajoz”, que seguiria os seus passos, tomando a alternativa em 1953.
Ainda segundo o comunicado, os irmãos “Badajoz” fariam, a partir daí, boa parte das suas carreiras toureando juntos, sendo uma referência na tauromaquia portuguesa.
A carreira de António Badajoz foi longa e passou pelas grandes praças e feiras na Europa e América, tendo toureado também em África e na Ásia, em corridas que se realizaram em Macau e na Indonésia.
Além de Manuel dos Santos, vestiu-se igualmente ‘de prata’ nas quadrilhas de Francisco Mendes, José Júlio e José Trincheira e de um conjunto importante de cavaleiros tauromáquicos, como João Branco Núncio, Luís Miguel da Veiga, José João Zoio, Emídio Pinto, Manuel Jorge de Oliveira e Paulo Caetano.
Nos anos 1950, os irmãos António e Manuel Badajoz fundaram a Escola de Toureio de Coruche, que viria a originar o aparecimento de vários bandarilheiros e matadores, entre eles José Simões, Ricardo Chibanga, José Falcão, Óscar Rosmano, Parreirita Cigano e Víctor Mendes.
Os últimos alunos desta escola foram José Alexandre e João Carlos Lorena.
António Badajoz despediu-se do público na Praça do Campo Pequeno, a 05 de setembro de 1991, depois de testemunhar grande parte do toureio português e internacional do século XX.