Recomendações em relação ao surto de rinopneumonia que está a afectar vários países da Europa, incluindo Portugal
Os primeiros casos foram detectados em Valência (Espanha) durante um concurso de salto de obstáculos e espalharam-se rapidamente para fora do concurso tendo surgido já vários surtos em diferentes países, à medida que os cavalos regressavam a casa.
Uma vez que se trata de uma doença infectocontagiosa e potencialmente perigosa, é importante adoptar medidas rigorosas de biossegurança de modo a evitar a propagação e ocorrência de novos casos. Apresentamos aqui algumas recomendações que consideramos importantes:
- Os cavalos que regressam a casa devem ser mantidos em isolamento, separados dos restantes cavalos.
- Para ser eficaz, a zona de isolamento deve ser num edifício fisicamente separado dos demais, por uma distancia considerável.
- Os animais em isolamento devem ser mexidos por pessoas que não tenham contacto com outros cavalos.
- Recomenda-se a lavagem frequente das mãos e sempre que se mexe de um cavalo para outro. Deve ser colocado um pedilúvio à porta de cada box. Os tratadores devem utilizar roupa protectora (bata ou fato-macaco) que deverá estar alocada a cada cavalo, devendo trocar de roupa quando muda de uma box para outra.
- De igual modo, não se devem partilhar arreios nem cabeçadas nem nenhum outro tipo de equipamento.
- As forquilhas e vassouras devem ser lavadas e desinfectadas com frequência e sempre que se muda de uma box para outra.
- Deve ser feita uma vigilância clínica frequente de todos os cavalos, incluindo os que não viajaram. Recomenda-se registar a temperatura corporal (rectal) duas vezes por dia, para cada cavalo.
- A quarentena pode ser levantada se não houver nenhum caso clinico de rinopneuponia durante pelo menos 28 dias a contar da data de regresso OU se TODOS os cavalos do centro hípico forem testados laboratorialmente e não houver nenhum resultado positivo.
A testagem laboratorial implica a colheita de 2 amostras de sangue obtidas com um intervalo mínimo de 10 dias, para medição dos níveis de anticorpos contra o HVE, bem como a colheita na mesma altura de 2 zaragatoas da nasofaringe.
Estas recomendações aplicam-se quer a animais vacinados quer não vacinados.
A vacinação contra o HVE reduz a propagação do vírus através das vias nasais no caso de um cavalo afectado contrair a doença. Por conseguinte, a vacinação reduz a carga viral no meio ambiente diminuindo dessa forma a probabilidade de outros cavalos se infectarem.
Contudo a vacina não reduz o risco de um cavalo (vacinado) contrair a forma neurológica de doença, que é a mais grave! Por esta razão é muito importante prevenir o contágio independentemente de os cavalos estarem vacinados ou não.
Factores de risco incluem as deslocações e aglomerações de grupos de cavalos pelo que não se recomenda a circulação dos equinos e participação em feiras e competições durante o período do surto corrente, incluindo os animais vacinados.
A vacinação não despensa os cuidados de biossegurança! Evitar agrupamentos de cavalos, deteção precoce de casos clínicos e isolamento de animais suspeitos, continua a ser o pilar para a prevenção do contágio, independentemente do estado de vacinação.
APENAS DEVEM SER VACINADOS CAVALOS SAUDAVEIS! Existe evidencia de casos de surtos anteriores de que a vacinação recente possa ser um factor de risco para o desenvolvimento de sintomatologia neurológica. Consequentemente, não se recomenda a vacinação de animais que tenham estado recentemente em contacto com casos de HVE-1. Em caso de dúvida, pode ser preferível não vacinar e reforçar o isolamento.
Para manter a proteção contra o HVE é importante revacinar os cavalos cada 6 meses após a primovacinação.
Fonte: Dr. Henrique Cruz