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Calor em Portugal ameaça alargar zonas de risco do vírus do Nilo

Segundo o Jornal I, o primeiro caso português de infecção pelo vírus do Nilo Ocidental, divulgado pela Direcção Geral da Saúde (DGS) na segunda-feira (26/07), foi ontem confirmado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) depois de o subdirector geral da Saúde, José Robalo, o ter dado como “praticamente confirmado” na segunda-feira.

“Há um caso sintomático em Portugal, que foi sujeito a análises e foi já confirmado”, afirmou José Calheiros, especialista da rede de Vigilância de Vectores do INSA. A região de Lisboa e Vale do Tejo tem estado a ser monitorizada pela captura e análise de mosquitos – que são o vector de transmissão da doença, não transmitida de humano para humano. Foram até agora realizadas mais de 20 análises a amostras de mosquitos que possam transmitir a doença, mas segundo o INSA nenhum deles acusou a presença de vectores do vírus do Nilo Ocidental. Nem todos os mosquitos portadores do vírus o transmitem, o que faz com que o risco de infecção seja muito baixo.

A infecção pelo vírus do Nilo Ocidental é “em 80% dos casos assintomática e nos restantes 20% os sintomas são quase sempre confundidos com os de gripe”, explica José Calheiros. Segundo a Organização Mundial de Saúde, apenas uma em cada 150 pessoas infectadas nos EUA desenvolveu encefalite ou meningite, com sintomas de febre, desorientação, rigidez da nuca e dores de cabeça. O risco de desenvolvimento grave da febre do Nilo é maior em pessoas idosas ou com o sistema imunitário enfraquecido. A doença pode afectar também aves, cavalos e animais domésticos de pequeno porte.

Alterações climáticas: José Calheiros diz que “o Sul de Portugal é uma zona de risco” da presença do vírus, mas que “com estas temperaturas, já não se sabe o que é Sul e Norte” e há a possibilidade da alteração do habitat dos mosquitos transmissores de doenças tropicais. Os especialistas alertam para a possível incidência de doenças tropicais na Europa causadas pelas alterações climáticas através de um estudo europeu que envolve Portugal, o EDEN (Doenças Emergentes num Ambiente Europeu em Mudança).

Vigilância Em Portugal. O programa de Vigilância de Vectores é coordenado pelo Instituto Ricardo Jorge e abarca as Administrações Regionais de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Algarve, Centro, Alentejo e Norte e a Direcção Geral da Saúde. No seguimento do alerta da DGS sobre o caso, agora confirmado, de febre do Nilo Ocidental, a rede de vigilância foi reforçada. José Calheiros diz que neste caso “há uma situação nova de infecção e colocou-se em marcha um programa de monitorização mais apertado, na tentativa de evidenciar se há possibilidade de surgirem novos casos”.

O vírus do Nilo Ocidental é pouco comum na Europa. Foi descoberto em 1937 no Uganda e reapareceu nos anos 90. Nove anos depois surgiu o primeiro caso fora de África, nos EUA. Em Portugal foi detectado pela primeira vez nos anos 60 e os últimos casos registados no país datam de 2004, quando dois turistas irlandeses de férias na ria Formosa, no Algarve, contraíram a doença, também nesta altura do ano.

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