A Jackie chegou ao Centro Equestre João Cardiga no dia 6 de Novembro de 1993. Era uma fêmea de pelagem ruça tordilha, bonita e mansa que rapidamente conquistou todos os pequenos aprendizes de cavaleiro que por ali andavam. E foram muitos. Dezenas, senão centenas, mesmo, de pequenotes que aprenderam a montar na bondosa e paciente Jackie.
A sua disponibilidade era tanta que se tornou polivalente. Fez de tudo um pouco. Foi vedeta de espectáculo, atleta de horseball e professora… Curiosamente, foi nesta ultima faceta que mais se destacou. Por ela passaram muitos meninos e meninas, que ficaram para sempre apaixonados pelos cavalos e pela equitação.
A Jackie é metade da história do Centro Equestre João Cardiga. O Clube do Pónei deve-lhe tudo. Apesar da sua já avançada idade, todas as terças, quintas, sábados e domingos ali estava ela pronta para o trabalho, dando tudo o que tinha e nunca pedindo nada. Bastavam-lhe os carinhos e as cenouras que lhe ofereciam.
Nos últimos tempos víamo-la mais fracota, o peso da idade a fazer-se notar, dia após dia. Mas sempre disponível e até parecia alegre sempre que a iam buscar à boxe para mais uma sessão.
Até que chegou o dia 1 de Abril….
Até nos pareceu mentira, mas a bela Jackie fechou para sempre os olhos, serena e silenciosamente como sempre viveu. Com os olhos toldados pelas lágrimas dissemos-lhe adeus, com a certeza de que a sua vida fez a diferença nas nossas e em muitas vidas.
Por tudo isto e pelo que ficou por contar, hoje prestamos-lhe uma sentida homenagem.
Fecha os olhos e morre calmamente!
Morre sereno do Dever cumprido!
Nem o mais leve, nem um só gemido
Traiu, sequer, o teu Sentir latente.
ADEUS JACKIE. Cumpriste e bem o teu dever!
“Poema do grande simbolista Cruz e Souza que tanto escreveu sobre a morte”