Segundo a edição digital do Jornal Público de Sábado (03/11), o cavaleiro e veterinário do Ministério da Agricultura que dirigiu a Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE) desde a sua formação, em 1979, Filipe Figueiredo (Graciosa), foi afastado do seu cargo. A decisão coube à sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua, que detém desde o início de Setembro a gestão da EPAE, que antes pertencia à Fundação Alter Real.
António Lamas, presidente da sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua, explica que a decisão do afastamento de Filipe Figueiredo era inevitável face à reestruturação da escola. “O Filipe Figueiredo dirigia a escola há mais de 25 anos e na minha opinião ninguém deve estar à frente de uma instituição tanto tempo”, justifica António Lamas. Além disso, defende a utilidade de “ser alguém novo que integre esta renovação de que a EPAE está a ser alvo”.
A derradeira razão que terá levado à decisão reside no estado de “desorganização e degradação das instalações da escola”. Esta situação, explica, “não poderia deixar de ser associada e atribuída às responsabilidades de quem estava na direcção da escola”.
Depois de mais de três décadas a dirigir a EPAE, Filipe Figueiredo foi surpreendido pela decisão. “Não estava à espera de ser totalmente afastado. Esperava que contassem ao menos com algum tipo de apoio, como director artístico, por exemplo”, declara, acrescentando que a auditoria realizada em Setembro foi favorável à continuidade do seu trabalho. António Lamas desvaloriza o afastamento do director. “Há toda uma equipa a trabalhar, a escola não era só o Filipe Figueiredo.”
Por seu turno, o cavaleiro acredita que o seu contributo poderia ainda ser útil para a instituição. “Conheço as pessoas todas do meio, tenho relações pessoais e conhecimentos no mundo inteiro.” “Algumas vezes, os cavalos só tiveram que comer porque era eu a fazer os pedidos”, sustenta o ex-director da EPAE. Segundo António Lamas, esta era uma situação que acontecia com uma regularidade assustadora. “A escola já não tinha sequer condições para garantir a alimentação dos cavalos, os animais estavam absolutamente debilitados quando a administração nos foi entregue.”
Actualmente, a escola tem a seu cargo 44 cavalos lusitanos, mas este número poderá diminuir, uma vez que, explica António Lamas, “alguns animais estão tão diminuídos que terão de ser devolvidos” à Coudelaria de Alter do Chão. Outros, acrescenta, poderão, eventualmente, ser “reabilitados”. Este responsável garante que, seja a fundação ou outra entidade a ficar com a gestão da coudelaria (onde são criados os cavalos da escola, fundada em 1748 por D. João V), o acordo que existe entre esta e a EPAE é independente dessas decisões. “Pior do que o que estava não pode ficar”, garante, uma vez que “a relação no que se refere a efectivos equestres era péssima e a escola já não recebia cavalos desde 2007”.
Para António Lamas, a EPAE constituía um peso para a Fundação Alter Real. Por sua vez, Filipe Figueiredo acusa a fundação de se ter “demitido das suas funções” e acredita que a decisão será a sua extinção. Para o cavaleiro, os problemas remontam à sua criação, em 2007, quando passou a desempenhar as funções de vários serviços do Ministério da Agricultura. O fim, sustenta, era inevitável.
O Governo deu até final de Outubro para que os parceiros privados da Fundação Alter Real apresentassem propostas de viabilização económica para a instituição. No entanto, na quarta-feira, o Ministério da Agricultura ainda não tinha recebido nenhuma proposta, mas não confirma o fim da fundação. Na próxima segunda-feira haverá uma reunião entre os membros da fundação em que se prevê que seja tomada uma decisão final.