Esta semana encontrei um amigo de longa data. Começamos a conversar sobre negócios, família, etc. contou-me que estava a trabalhar numa loja de compra e venda de carros, e que tinha feito um óptimo negócio. Vendeu um carro velho a um conhecido e comprou o novo. Na conversa, dizia-me ele, que estava muito satisfeito, já que o carro estava realmente velho, prestes a quebrar de vez, além de outros pequenos problemas como uma amolgadela antiga muito bem camuflada, um risco grande em baixo e um tubo de escape prestes a cair, amarrado com uma chamada “gambiarra”. Este amigo realmente estava muito contente. O negócio foi bom, ele ficou livre do carro velho, vendendo-o por um preço acima do que ele valia. Quando lhe perguntei sobre a venda de seu carro muito velho a um conhecido, obtive um “sinto muito mas negócio é negócio”, completado com um “se ele comprou, agora o carro é dele”, seguido de uma risada daquelas bem discretas, como se dizendo muito esperto…
Enquanto ele falava, comecei a lembrar-me dos cavalos e dos negócios de cavalos. Quantos profissionais vendem cavalos como este meu amigo vendeu seu carro? Quantas pessoas entram no mundo dos cavalos e saem sempre que descobrem que foram enganadas ou não totalmente informadas sobre o animal, o equipamento, o local, etc.? Quantas pessoas conhece você que já foram enganadas por vendedores, instrutores, pessoas que se dizem profissionais do cavalo, e pessoas que se julgam sérias e responsáveis? Ao mesmo tempo, quantos pais, tios e compradores nem sequer têm a humildade em pedir auxílio a um profissional para comprar um cavalo ou um equipamento, fazendo o simples julgamento da compra pela experiência em negócios? Quantas histórias de pessoas que compram cavalos, ficam saturados deles ou são obrigadas a parar de montar por motivos dos mais variados e que, simplesmente nunca mais o vão ver ao centro hípico?
Sem querer julgar as pessoas, ou generalizar tudo isto, gostaria de sugerir uma reflexão da parte de profissionais, amadores, clientes e pessoas que possuem qualquer relação com cavalos: será que estamos a tratar deste assunto como o meu amigo tratou da troca de seus carros? Será que o profissionalismo honesto e pleno são maioria ou minoria no nosso mercado? Será que as pessoas nunca acreditam que cavalo no tem tudo para ser algo sério? Será que proprietários realmente podem se isentar do conhecimento sobre cavalos? Acredito que os profissionais devem procurar o profissionalismo sempre. Acredito, também, que de nada adianta o profissionalismo sem que o proprietário participe no mínimo da vida de seu cavalo. Acredito que nosso mercado merece mais do que o exemplo da troca de carros do meu amigo.
Boa Semana!