No início dos anos 80, um grupo de amigos resolveu fundar algo diferente. Algo que pudesse reunir as famílias em torno do cavalo para provas e competições nos fins-de-semana. Algo que pudesse estimular a participação de pais e filhos em torno dos cavalos, com custos baixos e com viabilidade de participação de todos. Amigos ou colegas de profissão, estas pessoas resolveram montar a cavalo de uma forma simples, descontraída, por muitas vezes criticada, mas com muita alegria. Estas pessoas tinham um sonho na cabeça e um ideal no coração: o de se praticar desportos a cavalo de uma forma simples e divertida, com custos baixos e participação de famílias. A ideia “pegou”. O grupo cresceu, fortaleceu-se, criou ideias e conceitos, criou seguidores e verdadeiros fãs. Os cavalos aumentaram, os locais aumentaram, o desporto a cavalo evoluiu, ficou conhecido e famoso.
Provas em todo o Brasil, patrocinadores, cavaleiros famosos, televisão, media e tudo o que nunca ninguém esperava que acontecesse aconteceu. O tal grupo entrou por outras modalidades, invadiu os grandes clubes das capitais, mostrou a cara e venceu. Disputar com estes cavaleiros e amazonas por muito tempo foi sinónimo de segundo lugar ou mais. Como uma caravana que chegava à cidade, eles faziam festa, traziam alegria, descontracção e saúde. Era como se uma onda invadisse um recinto ou parque de exposição, mudasse toda a rotina do local e ainda deixasse um monte de pessoas desejando seguir junto para a próxima prova.
Com o tempo passando, e o desporto evoluindo, uma simples ideia tornou-se talvez uma das mais emocionantes sensações vividas pelos “pais de ideias” deste mundo: as Olimpíadas. De uma reunião de amigos para o mais importante dos eventos desportivos do mundo. Pois foram para as Olimpíadas com o mesmo sentimento que iam para as provas de sempre. Alegria, descontracção e sentimento de realização. Não ganharam, mas nunca perderam. Nunca perderam o cerne e o idealismo daquele primeiro grupo de amigos que se reuniu para organizar provas em fins-de-semana a um custo baixo e com as famílias à volta, vivendo cavalos como talvez eles mais mereçam ser vividos – com alegria.
Passado algum tempo chega o boato ou notícia de que aquela ideia esta terminando, ou tornando-se parte de outra instituição. Passa o tempo e chega junto uma espécie de tristeza só de pensar em tudo o que foi conquistado e não mantido. Ao mesmo tempo tudo isso nos faz reflectir sobre algo importante: quem viveu aquela época viveu o cavalo como tal. Viveu em cima e ao lado dos cavalos, alimentando, treinando, curando, melhorando e ajudando talvez o ser mais belo e nobre do universo.
Faça como a “família ABHIR” sempre fez: viva seu cavalo ao máximo que você puder. Participe da rotina, do dia a dia, dos cuidados e das particularidades do seu cavalo. Deixe de lado a marca da sela, da bota, da calça ou do toque. O seu cavalo não está nem para aí voltado! Viva como viveram as pessoas que um dia tiveram um sonho na cabeça e um ideal no coração.
Lembre-se que foi assim que um dia nasceu algo interessante…