A Provedora do Animal, Laurentina Pedroso, defende que é viável implementar um Serviço Nacional de Saúde para animais em risco, até ao final deste ano, com recurso à rede de faculdades de Medicina Veterinária, e alega que as instituições de ensino de medicina e de enfermagem veterinária “estão apetrechadas com os meios humanos e com equipamentos” para ajudarem a suprir essa necessidade.
“Esta ajuda não é só para cães e gatos, é para os animais“, ressalvou, em declarações à agência Lusa, a Provedora, que dá o exemplo da necessidade de assistência de cavalos ou bovinos.
Assim, este SNS para animais em risco está pensado para dar resposta a todo o tipo de animais ao cuidado das associações zoófilas, dos centros de recolha, das autarquias e de famílias carenciadas.
Para Laurentina Pedroso, este modelo de apoio não é para todos os animais, mas apenas para os que se encontram em situações de risco. Por ser um projeto de ajuda social de tamanha envergadura, “deve ficar sob a alçada do Estado”.
Para a rede chegar aos territórios onde esse atendimento não é tão acessível, a solução passa por fazer “uma integração global com outras entidades”, através da criação do cheque-animal, à semelhança do que acontece com o cheque-dentista, a título de exemplo.
Segundo a antiga bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, instituição onde em 2014 implementou o cheque-veterinário, o modelo a desenvolver terá “perspetivas diferentes” e será “diferente para melhor”.
“A nível das faculdades é muito importante que tudo isso comece a ser feito já” e “de uma forma muito ativa”, afirmou a Provedora. E para o funcionamento dessa rede de faculdades afigura-se “importantíssimo” contar com instituições públicas e privadas. Adiantou ainda que há mais de um milhão de euros disponíveis para envolver as faculdades no apoio à saúde animal e que existem verbas alocadas para a totalidade do projeto.
“Neste momento o Estado já alocou verbas. Chegam para executar um projeto desta natureza. Já não é uma questão de verbas, é uma questão de avançar. É uma questão de vontade, de saber desenhar este projeto”, argumentou a também diretora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona.
A responsável por fazer recomendações neste domínio reiterou que “o Estado está a fazer o seu papel de alocar verbas” e que é agora necessário “criar uma máquina que saiba utilizar essas verbas”. Garantiu também estar a preparar o seu parecer “a indicar como é que as verbas podem ser bem utilizadas a nível das faculdades”.
Em exercício de funções há menos de um ano, a Provedora explicou ter tido como principal preocupação “criar os meios humanos e materiais” para poder trabalhar nos vários projetos em perspetiva. Numa altura em que as famílias têm perdido poder de compra por consequência da inflação, Laurentina Pedroso mostrou-se receosa perante a perspetiva de a incapacidade económica ter um impacto negativo no bem-estar dos animais, mas enfatizou que “a maior parte” das pessoas que tem animais domésticos os considera parte da família e se organiza a pensar no animal.
A Provedora do Animal, figura sob a tutela do Ministério do Ambiente, alertou, no entanto, que “quando as pessoas querem ter um animal de companhia, têm de perceber que ele necessita de cuidados: de alimentação, de cuidados médico-veterinários”.
Fonte: Lusa