Pode o exercício a cavalo ajudar na recuperação de cancros de mama? Parece que sim.
Quando estamos doentes, somos muito mais permeáveis a experimentar soluções diferentes. Fazemos de tudo para melhorar, mesmo que por vezes isso pareça um bocadinho “alternativo”. Se nos dissessem que montar a cavalo ajuda na recuperação de pacientes com cancro de mama, a reação mais provável seria estranhar. Mas em Almada, existe desde 2007 uma associação, a APTEC (Associação Portuguesa de Terapias Equestres e Complementares), que trabalha em várias áreas, incluindo essa. A hipoterapia é uma terapêutica psicomotora de base neurofisiológica, em que “a cinesiologia, a amplitude da passada, a temperatura do animal, a solicitação de equilíbrio do tronco em carga levam a um progressivo aumento da autoconfiança, autoestima e controlo da linguagem não verbal”, explica Pedro Castelo Branco, vice-presidente da Associação.
Há quatro anos, o caminho da APTEC cruzou-se com o do médico senologista (especializado em cancro de mama) Marco Aurélio Costa. Algumas pacientes da sua consulta de mama no Hospital Garcia de Orta pediram-lhe opinião sobre a hipoterapia, o que o levou a investigar. “Vi que alguns centros em Itália, Espanha e no Brasil se serviam da hipoterapia como terapia complementar aos tratamentos convencionais para várias patologias de foro neuropsicológico”. Na hipoterapia, “são estimuladas as funções cognitivas, motoras, sociais e emocionais, influindo assim, de forma integrada, sobre a componente biopsicossocial, que no caso do cancro de mama, se encontra potencialmente fragilizada”, continua Pedro Castelo Branco.
Entretanto, um estudo sobre o tema foi publicado em 2014 por Claudia Cerullo, doutorada da universidade de Roma, em parceria com um centro equestre em Viterbo, “Il Giardino di Filippo”. Denominado “Therapeutic Horseback riding in Breast Cancer Survivors — A Pilot Study”, a investigação selecionou 20 pacientes com cancro de mama, seis meses após o fim dos tratamentos convencionais, que foram divididos em dois grupos e submetidos a um protocolo de terapia assistida com cavalos durante 16 semanas, com duas horas de atividade.
O segundo grupo não fez terapia com os equídeos. As conclusões, com base em todos os testes e medições, revelaram que o primeiro grupo, que tinha feito terapia assistida com cavalos, obteve “uma melhoria significativa na capacidade aeróbica, composição corporal, alongamentos e qualidade de vida”. É claro que isto é apenas um princípio. “Seria interessante observar se estes benefícios persistem durante um longo período de tempo”, defende Marco Costa. E “mais estudos são necessários para demonstrar se a intervenção assistida com cavalos pode vir a ser uma ferramenta complementar na reabilitação física e psicológica e na qualidade de vida dos pacientes acometidos por cancro de mama”.
Fonte: Expresso
Confira o estudo “Therapeutic Horseback riding in Breast Cancer Survivors”