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Viana do Castelo quer Garrano Inscrito na “Equitação Portuguesa”

Viana do Castelo quer a inclusão do Garrano no pedido de inscrição da “Equitação Portuguesa” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

Em nota enviada à imprensa, o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa lamenta “a exclusão e ausência da devida menção ao Garrano no pedido de inscrição da “Equitação Portuguesa”, defendendo a “imperiosa reformulação da referida candidatura””.

José Maria Costa diz que esta reformulação é necessária “para que possa promover a justa representação da diversidade do património equestre português” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, “com especial ênfase para a inclusão do cavalo Garrano, ao qual se associa a equitação tradicional do Minho e o designado ‘Passo Travado’, com significado histórico em diversos pontos dos distritos de Braga e Viana do Castelo”.

Assinala ainda “a ausência de referência e integração da aposta estratégica dos municípios de Viana do Castelo, Caminha e Ponte de Lima no turismo equestre, alicerçado no Garrano e na Equitação Tradicional do Minho”.

O autarca recorda que os três municípios receberam recentemente a notícia da aprovação da candidatura Vilas e Aldeias Equestres entre Arga e Lima, submetida ao programa Valorizar, Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior (Aviso 2) do Turismo de Portugal.

Por isso, para o edil, a candidatura «Equitação Portuguesa», “reflete somente o objetivo de valorização de uma única raça e de uma região”.

“O Garrano será a mais antiga raça equina portuguesa, conforme evidenciado pelos mais atuais trabalhos de investigação no campo genético, arqueológico e histórico”, argumenta o autarca de Viana, referindo: “Numerosas fontes arqueológicas e históricas testemunham a importância do cavalo no modo de vida dos povos que ocuparam a Península Ibérica, e concretamente a atual região Norte de Portugal, desde o Paleolítico Superior. Tal é o caso de muitas gravuras do Vale do Côa e de algumas do Douro Internacional, como é o caso de Mazouco (Freixo de Espada-à-Cinta), onde foi identificada, em 1981, uma gravura rupestre representando um cavalo com cerca de 62 cm de comprimento, pouco corpulento e de extremidades curtas, características compatíveis com a raça garrana”.

O Passo Travado constitui uma prática equestre portuguesa de origem ancestral. “O risco de perda deste património imaterial que integra a identidade cultural das comunidades rurais do Noroeste Português faz da preservação do ‘Passo Travado’ um urgente desafio que se coloca no plano da investigação científica e da estratégia de desenvolvimento destes territórios”, vaticina o autarca. <<<<<<<<<

Fonte: Câmara Municipal de Viana do Castelo.

Nota: Com uma presença milenar no Noroeste Ibérico, o garrano desenvolveu estreitos laços com os povos que habitaram este território, em tempos de paz e em tempos de guerra. O garrano funde-se com a história de Portugal. Lado a lado com o Homem, tanto em árduas batalhas, como a puxar o arado, montado ou atrelado nas pequenas e grandes viagens, usado como meio de transporte por almocreves, padres e médicos, ostentado como símbolo de riqueza e exibido em feiras e festividades. A sua memória surge inscrita em gravuras rupestres, em motivos decorativos da Idade do Ferro, em moedas de ouro cunhadas na primeira dinastia, assim como na literatura portuguesa oitocentista.
In Percursos do Homem e do Garrano.

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